Bolsonaro acusa Moro de crime federal e mostra conversa com ex-ministro

O presidente Jair Bolsonaro disse hoje à imprensa que Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, cometeu crime federal ao divulgar conversas entre os dois no Jornal Nacional, da TV Globo, em 24 de abril, dia de sua saída do cargo.

“Em nenhum momento pedi relatório de inquéritos. Isso é mentira. O Sergio Moro foi correndo entregar o telefone para a Globo. Inclusive, ele tinha peças de relatórios pessoais de coisas que eu passava para ele. É um crime federal”, acusou.

Ele mostrou ao vivo a conversa que Moro entregou à reportagem do telejornal — algumas mensagens anteriores ao diálogo divulgado pela TV Globo— em que envia ao ex-ministro uma reportagem de “O Antagonista” dizendo que a PF estaria investigando deputados aliados e afirma que este é “mais um motivo para a troca” da direção da instituição.

O print, contudo, era diferente da imagem exibida pelo Jornal Nacional no dia 24. Nela, após o envio do link, Bolsonaro dizia: “Mais um motivo para a troca”. Moro, então, respondia: “Este inquérito eh (sic) conduzido pelo Ministro Alexandre no STF, diligências por ele determinadas, quebras por ele determinadas, buscas por ele determinadas”.

Já na versão exibida por Bolsonaro, o link era enviado e a outra parte respondia: “Isso eh (sic) fofoca. Tem um DPf atuando por requisição no inquérito da (sic) fake News e que foi requisitado pelo Min Alexandre”. E, em seguida: “Não tem como negar o atendimento ah (sic) requisição do STF). Ao final do print, aparecia um novo link de notícia sobre o ex-juiz da Lava Jato ter alertado o ministro do STF Dias Toffoli sobre “presos de elevada periculosidade” em liberdade.

No último dia 24, Moro acusou Bolsonaro de trocar o diretor-geral da PF Maurício Valeixo à sua revelia para substituí-lo por alguém mais próximo e ter acesso aos relatórios das investigações em curso —algumas das quais envolvem pessoas de sua família ou aliadas.

Bolsonaro voltou a falar em confiança e se disse “chateado” com Moro: “Eu confiava nele, passava extrato de informações. Como um presidente, me sinto chateado”.

O presidente negou que tenha cometido crime e confirmou que cobrou relatórios de inteligência da Polícia Federal, mas afirmou que pediu a mesma coisa para outros órgãos, como as Forças Armadas.

“Eu não quero falar nada de mal sobre ele [Moro], ele fez muita coisa boa no governo e outras coisas lamentavelmente deixou a desejar. Mas em nenhum momento ele fala que eu cometi crime”, disse.

“Eu cobrei relatórios de inteligência da Abin [Agência Brasileira de Inteligência], do Exército, da Marinha, da Aeronáutica e de alguns ministérios, além da PF. Cobrei isso de umas 25 pessoas. Agora para que eu vou querer relatório de inquérito? Isso não é trabalho meu.”

O presidente falou, também, sobre indicações a cargos públicos — ele disse que aceitou indicações porque “não tinha como preencher 30 mil vagas” e defendeu que, como chefe de estado, também pode indicar quantas pessoas quiser.

“Eu indiquei talvez uma meia dúzia, mas poderia ter indicado mil. Eu sou presidente para indicar ministro”, afirmou.
Participação em manifestações

Bolsonaro, que não abriu espaço para perguntas da imprensa, também se defendeu das críticas por ter participado de uma manifestação contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal no último domingo (3), em Brasília.

Na ocasião, o presidente não usou máscara, cumprimentou apoiadores com a mão e chegou a pegar no colo uma criança, que usava máscara presa no queixo, abaixo do rosto.

“Eu estava dentro da minha casa e saí para saudar o público. Na minha frente ninguém falou de fechar Congresso, fechar STF, e vocês dizem que eu participei de uma manifestação antidemocrática”, disse. “Só vi o povo na rua com bandeira verde e amarela. No passado era bandeira vermelha, com foice e martelo, e ninguém falava nada.”

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