Lava Jato: HD da propina da Odebrecht está incompleto

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A Odebrecht entregou à Procuradoria Geral da República (PGR) uma versão do sistema computacional de propina da empreiteira – também conhecido como Drousys – com dados incompletos, segundo os responsáveis pela análise do material. A falta de informações, úteis a novas apurações, foi comunicada à empresa, que se comprometeu a buscar dados complementares em outras fontes.

Os dados foram entregues à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba em março em quatro HDs que totalizam 3,5 terabytes. Em seguida, foram encaminhados à Secretaria de Análise e Pesquisa da PGR, responsável por prepará-los para uso em investigações.

O Drousys era uma plataforma colaborativa por meio da qual funcionários da Odebrecht registravam, em ferramentas de edição de texto, trocas de e-mails e chats relacionados a pagamentos secretos feitos a políticos. Os dados estavam originalmente guardados em um servidor da Suíça e teriam sido transferidos para outro servidor na Suécia, onde foi realizada a cópia entregue aos procuradores. “A gente acredita que o conteúdo não é integral, algumas informações não estão batendo. Ainda não é possível saber o que está faltando”, disse um dos envolvidos na análise de dados. As informações são da Agência Estado.

Responsável por cobrar os dados da Odebrecht, a Lava Jato em Curitiba informou que o conteúdo entregue é “uma fotografia no tempo” e que a natureza do sistema fazia com que as informações mudassem “à medida que usuários criavam, alimentavam ou apagavam arquivos”. Uma outra “fotografia” do sistema também teria sido recuperada recentemente e, “possivelmente, contém dados adicionais (…) e será, como a primeira, objeto de análise técnica”, informou o Ministério Público Federal (MPF).

Autoridades suíças já haviam apreendido informações do Drousys que até hoje não chegaram ao Brasil, apesar de o acordo com a empresa ter sido celebrado há quase nove meses. Segundo o MPF, a Odebrecht se comprometeu a autorizar a remessa de dados pelas autoridades suíças”.

Mesmo parciais, os dados do Drousys já vêm sendo úteis às investigações envolvendo a empresa – e eventual confirmação do que disseram os executivos – e também às novas apurações do MPF. Suas informações foram incluídas em um ambiente que pode ser pesquisado, o que permite a procuradores de todo país solicitar à PGR buscas por termos como apelido e nome de políticos, além de endereços para entrega de dinheiro. A força-tarefa da Lava Jato em Curitiba tem acesso em tempo real aos dados, via sistema integrado de informática. Investigadores têm encontrado no sistema mais dados de pagamento a políticos do que aqueles informadas anteriormente por alguns ex-executivos da empresa. É possível, por exemplo, verificar a data de registro de cada anotação para verificar possíveis alterações nas informações originais.

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