Poder econômico controla o poder político no Brasil, diz Delfim Netto

Sao Paulo, SP, BRASIL, 26-06-2017: ***Especial FOLHA*** Entrevista exclusiva com o professor e ex Ministro Delfim Neto,89 em seu escritorio que fica proximo ao estadio do Pacaembu (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, PODER).

A principal revelação da Lava Jato é que o Brasil deixou o poder econômico controlar o político, diz o economista Antonio Delfim Netto, segundo entrevista dada a Folha de São Paulo.

“O setor privado anulou a única força que controla o capitalismo, que é o Congresso. Não é simplesmente que o Estado e o setor privado tenham feito um incesto, produzido um monstrengo.
Ele eliminou o único instrumento de educação do capitalismo.”

Para ele, as denúncias do empresário Joesley Batista contra o presidente Michel Temer tem “proporções catastróficas” e tornam impossível prever quando o país sairá da crise atual.

O economista defende que a manutenção de Temer no governo é a solução “menos pior”, porque eleva as chances de aprovar as reformas trabalhista e da Previdência, ainda que a segunda seja diluída: “Não acredito que uma eleição indireta produza um equilíbrio do nível que o Temer hoje, com todos os problemas, é capaz de produzir”.

Delfim -que foi ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento durante a ditadura militar- não está otimista em relação às eleições de 2018. “Tenho sérias dúvidas, no quadro que tem hoje, de que você vai ter um governo muito melhor do que teve no passado recente”.

O economista criticou duramente a esquerda “primitiva” e os sindicatos —que, segundo ele, se aliaram ao capital— brasileiros por fazerem oposição às reformas.

Após mais de 60 minutos de entrevista, Delfim, que acaba de fazer 89 anos, não demonstrava cansaço. Fez questão de acompanhar as repórteres e o fotógrafo e de abrir a porta de seu escritório. “É para vocês voltarem.”

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