Preço para apoio a Temer em denúncia inclui cabeça de ministro tucano

Brazilian President Michel Temer (R) and Chief of Staff Antonio Imbassahy smile during the inauguration ceremony of the ministers of Justice and Public Security, Alexandre de Moraes, of Human Rights, Luislinda Valois and the presidency's Secretary General Wellington Moreira Franco at Planalto Palace in Brasília, on February 3, 2017. / AFP PHOTO / ANDRESSA ANHOLETE

Partidos da base aliada intensificaram a pressão sobre o Palácio do Planalto com o início da tramitação da segunda denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o presidente Michel Temer (PMDB).

A conta ficou mais cara, já que os partidos que ajudaram o peemedebista a escapar da primeira denúncia, de corrupção passiva, agora querem a cabeça do ministro tucano Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), responsável pela articulação política do governo.

Eles também cobram a liberação mas rápida de verbas para emendas que apresentaram ao Orçamento —represadas, segundo líderes de vários partidos— e a entrega de cargos na máquina federal.

Alguns desses compromissos foram feitos pelo Planalto com o objetivo de barrar a primeira denúncia, congelada pela Câmara por 263 votos a 227 em agosto —era preciso o voto de pelo menos 342 deputados para que o Supremo Tribunal Federal fosse autorizado a analisar o caso.

Com isso, cresceu a desconfiança e a insatisfação de deputados, que cobram o “pagamento” integral dessa primeira fatura. Desta vez, Temer é denunciado por obstrução da Justiça e organização criminosa, acusação que recai também sobre seus ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral).

Há inclusive uma movimentação de siglas governistas para se aliar à oposição e aprovar na Comissão de Constituição e Justiça, na semana que vem, o fatiamento da análise do caso.

Com isso, avaliam ter um poder maior de pressão sobre o Planalto, já que dois dos principais ministros e aliados de Temer ficariam sob maior risco de verem as investigações contra eles progredir. As informações são de RANIER BRAGON e DANIEL CARVALHO, Folha de São Paulo.

SEM BRINCADEIRA

Partidos deram na semana passada o primeiro sinal mais evidente de que não estão para brincadeira.

Na votação de uma medida provisória, a Câmara manteve o foro privilegiado de Moreira Franco por uma diferença de apenas cinco votos. Deputados afirmam que o placar de 203 a 198, com sete abstenções, não foi apenas uma reação pessoal ao ministro, que já não conta com grande simpatia de governistas no Congresso.

“É o tamanho da encrenca que está aqui. Sem ninguém fazer campanha contra [Moreira Franco], quase o cara perdeu [o foro]”, afirmou o deputado Paulinho da Força (SD-SP).

“Esta foi a demonstração generalizada dos deputados da base insatisfeitos por o governo não ter cumprido compromissos assumidos [à época da primeira denúncia]”, disse o líder do PR, José Rocha (BA), referindo-se ao empenho e pagamento de emendas parlamentares.

“Uma coisa são os dois ministros, outra coisa é o presidente, a figura institucional do presidente. Os ministros são eles mesmos, e estão com um desgaste enorme”, afirmou o líder do PSD, Marcos Montes (MG).

Emendas parlamentares e cargos são antigas moedas de troca entre Congresso e Executivo. As primeiras são usadas pelos congressistas para direcionar verbas a obras e investimentos em seus redutos eleitorais. É o principal ativo que usam na tentativa de se reeleger.

Apesar de as emendas terem execução “impositiva”, a real liberação do dinheiro depende de uma série de fatores burocráticos, como projetos feitos de forma correta pelas prefeituras, além de folga orçamentária. Isso abre margem para o governo modular a abertura da torneira de acordo com suas conveniências políticas.

As críticas a Imbassahy partem de siglas do “centrão”, grupo de partidos governistas de médio e pequeno porte que reúne cerca de 200 dos 513 deputados.

“Ele atrapalha muito mais que ajuda. É um secretário que não conversa com os líderes”, disse o líder do PP na Câmara, Arthur Lira (AL).

Imbassahy disse não ter conhecimento das críticas. Em sua defesa saiu o líder do PMDB, Baleia Rossi (SP), que minimizou os ataques ao ministro tucano.

“A posição que ele ocupa é das mais difíceis no Palácio. Por mais que ele se esforce, não consegue atender todas as demandas. Acaba ficando com alguém reclamando. Mas ele tem trabalhado de maneira correta e tem sido leal”, afirmou o parlamentar peemedebista.

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