Presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques pede demissão

Brazilian president of the National Bank for Economic and Social Development (BNDES) Maria Silvia Bastos Marques speaks during the 8th Exame Forum 2016, in Sao Paulo, Brazil on September 30, 2016. / AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL

A presidente do BNDES, Maria Silvia Bastos Marques, pediu demissão nesta sexta (26). Ela foi indicada ao cargo pelo presidente Michel Temer.

Em carta enviada aos funcionários, ela justifica que seu afastamento acontece por “razões pessoais”.

‘Deixo a presidência do BNDES por razões pessoais, com orgulho de ter feito parte da história dessa instituição tão importante para o desenvolvimento do país.”

Segundo Maria Silvia, os diretores do banco vão permanecer no cargo, e o diretor Ricardo Ramos, funcionário de carreira, assumirá a presidência interina do banco.

A interlocutores, ela já vinha expressando descontentamento há cerca de dois meses.

Maria Silvia vinha sendo criticada por setores empresariais por reduzir os financiamentos do banco. As informações são da Folha de São Paulo.

Além da pressão externa, ela passou a sofrer uma forte pressão interna após Operação Bullish da Polícia Federal, que investiga aportes feitos pelo pelo braço de participações do banco, o BNDESPar, na JBS, levar coercitivamente para depor mais de 30 funcionários do banco.

No dia 16 de maio, o banco instaurou uma comissão interna para apurar as denúncias.

Os funcionários criticaram Maria Silvia por não ter feito, na visão deles, uma “defesa contundente” da instituição no caso. Insatisfeitos com o que consideraram tímida reação da direção em defesa de técnicos e analistas, centenas de funcionários se reuniram no auditório do banco.

Maria Silvia só lançou nota no fim daquele dia e a comunicação com os funcionários foi fria, segundo apurou a Folha.

O clima interno piorou depois que o presidente Michel Temer afirmou, em pronunciamento no último sábado (20), que Maria Silvia estava “moralizando o BNDES”. O discurso enfureceu funcionários, que consideraram que o silêncio da presidente chancelava as acusações.

Nesta quinta (25), a associação de funcionários do BNDES distribuiu uma nota em que criticava as acusações da Policia Federal e do TCU (Tribunal de Contas da União).

“Não há nenhuma ‘moralização’ ocorrendo no processo de nomeação de conselheiros em empresas investidas da BNDESPar. Os empregados do BNDES indicados para conselhos de administração ou fiscal das empresas investidas pelo Banco não recebem remuneração no exercício dessa atividade”, afirmou a nota.

Setores do governo também vinham pressionando pela saída de Maria Silvia, embora publicamente ela dissesse ter apoio de Temer e que continuaria no cargo.

Maria Silvia tomou posse como presidente do banco em 1º de junho de 2016. O foco da sua gestão vinha sendo revisar as políticas de concessão de financiamentos do banco, o que vinha irritando empresários, que reclamavam da queda de financiamentos liberados pela instituição.

A relação do BNDES com a JBS também vem sendo investigada pela Lava Jato, após Joesley Batista, dono da empresa, ter admitido em delação premiada ter pago propina a políticos em troca de financiamento do banco, entre outros favores. Esses aportes teriam ocorrido nas gestões anteriores à de Maria Silvia.

Em sua delação, Joesley também acusou Temer de receber propina. O empresário também gravou conversa com o presidente. A divulgação do áudio e do depoimento do empresário deflagraram uma crise política que desestabilizou o governo.

Maria Silvia foi a primeira mulher a ocupar o cargo.

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