PSDB sai do governo se Temer for cassado no TSE

Sao Paulo, SP, BRASIL, 22-03-2017: ***para final de semana FOLHA*** Entrevista com o ex Presidente Fernando Henrique Cardoso que fala sobre o lancamento do 3o volume do seu livro Diario da Presidencia. Fotos de Fernando Henrique em seu escritorio no IFHC no centro de Sao Paulo (Foto: Eduardo Knapp/Folhapress, PODER).

O PSDB não terá como ficar ao lado de Michel Temer (PMDB) caso o presidente recorra de uma eventual cassação no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ou faça uso de medidas protelatórias no julgamento enquanto a crise política segue aguda.

Na avaliação dos tucanos, qualquer um dos cenários ameaça a retomada econômica –e, consequentemente, as chances eleitorais governistas em 2018.

De seu lado, Temer cobra do PSDB lealdade, já que o partido passou a semana passada dedicado a elaborar cenários com e sem seus aliados para disputar a eleição indireta decorrente da eventual queda do presidente.

Esse foi o tom geral da conversa entre Temer e o patrono do tucanato, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em um hotel paulistano na noite de segunda (29).

Estiveram presentes também Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e o senador Tasso Jereissati (CE), presidente interino do PSDB e principal nome do partido para compor chapa, na cabeça ou na vice, no caso de uma eleição indireta.

A discussão não incluiu, obviamente, novos passos na Lava Jato, como a perda nesta terça (30) do foro privilegiado de Rodrigo Rocha Loures, homem de confiança de Temer acusado de receber propina em seu nome.

FHC reforçou sua preocupação com a economia, que acabou ancorada na expectativa criada pelo próprio Planalto de que a aprovação de reformas como a da Previdência seria vital para garantir a saída da recessão.

Na mesma segunda, o boletim de análises de mercado agregadas pelo Banco Central apontou, pela primeira vez em 11 semanas, uma interrupção no otimismo da praça. Avaliações de inflação e de crescimento do PIB tiveram discreta piora.

O foco possível neste momento, defendido pelos tucanos, é o de tentar fazer avançar a agenda econômica no Congresso com a aprovação de reformas estruturais.

Isso, como explicitam as dificuldades no trâmite da reforma trabalhista no Senado, é quase uma admissão tácita de que os dias do governo parecem contados.

No caso da reforma da Previdência, nem no Congresso, nem no mercado, há apostas de que haverá celeridade ou aprovação integral das propostas negociadas até aqui.

Os peessedebistas buscaram minimizar as articulações pós-Temer, dando sequência ao apagamento de incêndios de sexta (29), quando partidos aliados demonstraram insatisfação pelo que foi chamado de açodamento do PSDB em tentar montar uma sucessão a seu gosto.

O fizeram não só por ciúme político do maior aliado de Temer. Os tucanos não têm voto na Câmara, que concentra 86% dos votos no Colégio Eleitoral, para aprovar um nome como o de Tasso em eleição indireta sem algum acordo com todos os atores.

Entre eles, o DEM de Rodrigo Maia, presidente da Casa que tem força no baixo clero, grupo de deputados sem expressão nacional que congrega uns 70% do plenário.

Além disso, deputados da ala jovem do PSDB defendem a ruptura com o Planalto desde a semana passada, e o encontro de cúpula com Temer soou a seus líderes como um abraço mortal.

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