Brasil foi o país mais afetado pela nova tarifa sobre o aço, diz Cebri

O Brasil foi o país mais afetado pela decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de criar uma cobrança extra à venda de aço para o país e, por isso, é provável que esse caso seja encaminhado para a Organização Mundial do Comércio (OMC).

A medida aumenta em 25% a tarifa para importações do aço e o Brasil é o segundo país que mais negocia o produto com os EUA. O primeiro, o Canadá, e o terceiro, o México, foram isentados da cobrança por Trump por serem parceiros dos americanos no Nafta. Com isso, o Brasil se tornou o mais atingido pela medida do presidente americano.

“O curioso é que o presidente americano isentou o Canadá, que é o primeiro exportador aos EUA, e o México, que é o terceiro. Ele mirou a China e atingiu o Brasil”, afirmou José Pio Borges, presidente do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri) e ex-presidente do BNDES que está em Nova York.

Atualmente, o Brasil vende o equivalente a 13% do aço importado para os EUA. O Canadá representa 16%, o México entre 11% e 10% e a China apenas 3%. A cobrança da sobretaxa nas vendas do insumo industrial deverá levar a recursos em organismos internacionais. As informações são de Juliano Basile | Valor.

“Mas é preciso ser muito cauteloso, pois os EUA são parceiro comercial importante”, advertiu Borges. Segundo ele, será possível que a decisão de Trump se torne objeto de disputa na OMC. “Eu acho bem provável. Mas essas disputas levam tempo para serem arbitradas.”

A expectativa de um eventual recurso na OMC é de ser tomada uma decisão que autorize uma medida compensatória às empresas do Brasil, apesar do tempo para esse julgamento ser considerado longo.

De acordo com embaixadores americanos que têm acesso ao Brasil, a relação do país com os EUA é estável. Atualmente, não há nenhuma disputa diplomática de grande profundidade. Mas, agora, pela primeira vez, o país aparece afetado diretamente por uma medida oficial de Trump. O presidente americano fez ataques sobre a China durante a apresentação da sobretaxa de 25% sobre a venda de aço e de 10% sobre o alumínio. O Brasil não foi citado por ele.

O presidente do Cebri acha que esse fato não deverá levar a uma crise nas relações comerciais entre os EUA e o Brasil. “Evidentemente é uma relação em que não há interesse nem dos EUA nem do Brasil em criar conflitos”, afirmou Borges. “Há interesses comuns em petróleo”, continuou ele, mencionando outros setores em que a relação estaria positiva. “Não há interesse de ter conflitos, mas evidentemente haverá uma resposta.”

Uma das saídas será a de o Brasil argumentar a necessidade de ser retirado da lista de cobrança adicional, como ocorreu com o Canadá e com o México. O segundo momento seria o de apelar à OMC e a organismos internacionais. E, para o futuro próximo, o Brasil pode discutir com outros países investimentos em outros setores, como infraestrutura, área que contava com a liderança de empresas que sofreram investigação durante a Operação Lava-Jato e que agora pode obter parcerias no exterior.

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