Governo Temer suspende análise de empréstimo ao RN, diz Tatiana

Tatiana Mendes Cunha lembra que certidão do Tribunal de Contas está entre os requisitos

As negociações de empréstimos entre Governo Federal e o Rio Grande do Norte estão suspensas até julho. O entendimento do Tesouro Nacional é que a baixa capacidade de pagamento do Estado aumenta a capacidade de endividamento, colocando em risco as operações de crédito. Quase R$ 1,6 bilhão em empréstimos negociados com o Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal estão retidos com a suspensão.

A informação da suspensão foi confirmada pela chefe do Gabinete Civil do Governo, Tatiana Mendes Cunha. O sobrestamento foi feito em dezembro, mas o Governo Federal não havia declarado o período. Paralelamente, o Tesouro aumentou a classificação do Rio Grande do Norte na Capacidade de Pagamento. O que explica a aparente contradição é o entendimento do Governo Federal de que o Rio Grande do Norte não tem dívidas, e sim alto risco de se endividar. Os recorrentes atrasos no pagamento da folha dos servidores é utilizado como indícios disso.

Os empréstimos dependentes do Governo Federal pleiteados pelo Estado são R$ 850 milhões junto ao Banco do Brasil, aprovado na Assembleia Legislativa no governo Rosalba (2011-2014) antes da gestão Robinson Faria (2015-2018); e R$ 698 milhões com a Caixa Econômica Federal, aprovado em 2017. As informações são da Tribuna do Norte.

Outro entrave para a liberação desses empréstimos é um parecer do Tribunal de Contas do Estado (TCE) contrário ao Governo do Estado. O TCE afirma que o Estado descumpre a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) por conta dos gastos com a folha do pagamento. Nos cálculos utilizado pelo corpo técnico, a folha corresponde a 66,31% das receitas do Estado, enquanto o limite da LRF é de 49%. “Um dos requisitos para liberar empréstimo, é a certidão do Tribunal de Contas atestando que estamos abaixo do limite prudencial no gasto com pessoal”, declarou Tatiana Mendes Cunha. “Em que pese o Estado entender que está enquadrado aos limites da LRF, o TCE tem posicionamento contrário”.

O entendimento do Estado citado por Tatiana Mendes Cunha é referente a uma diferença de cálculo. O governo entende que o cáculo da LRF pode ser legal com a exclusão dos aposentados e pensionistas – essa fórmula adequa o Estado aos 49% exigidos pela lei. Para tentar mudar o parecer e permitir os empréstimos, foram protocolados Embargos de Declaração contra a decisão do Pleno do TCE, mas eles ainda não foram julgados.<br><br><b>Recuperação Fiscal.

O Regime de Recuperação Fiscal, programa criado pelo Governo Federal para estados em crise financeira, ainda pode ser adotado pelo Rio Grande do Norte. É um caso especial: apesar da suspensão, o Estado pode negociar com o Governo Federal para abrir uma linha de crédito junto ao Banco Mundial. Entretanto, o Governo precisa adotar uma série de medidas fiscais para aderir ao programa.

Em janeiro deste ano, o governador Robinson Faria enviou um pacote de ajuste fiscal à Assembleia Legislativa para se adequar às exigências da RRF. A criação de uma previdência complementar, aumento da alíquota previdenciária de 11% para 14%, venda de ativos e outras medidas para reduzir a despesa do Estado foram tentadas, mas a rejeição aos projetos impediu a aprovação por parte dos deputados.

Desde então, segundo Tatiana Mendes Cunha, o Governo tem mantido contato com o Tesouro. Entretanto, o assunto permanece fora das últimas declarações sobre a saúde financeira do estado. Atualmente, somente o Rio de Janeiro participa da RRF.

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