Ciro diz que bloco de esquerda é “improvável” no primeiro turno

Ciro Gomes

A organização de uma grande coalizão de esquerda para disputar unido o primeiro turno das eleições ao Planalto é “improvável”, segundo o pré-candidato do PDT à presidência, Ciro Gomes. Em entrevista ao Estado em Montpellier, o ex-governador e ex-ministro afirmou que a estratégia do PT de apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o último momento e buscar um plano B é um empecilho para o acordo. Além disso, a indefinição no PSB sobre a candidatura própria continua a adiar as definições.

Ciro Gomes fez as análises nessa segunda-feira, 26, durante e após sua participação em um seminário com acadêmicos e universitários da Universidade de Montpellier, onde foi convidado a participar de um seminário sobre Transição, Transparência e Soberania: o papel da inovação para a agricultura e o ambiente na França e no Brasil.

Pré-candidato de esquerda segundo melhor avaliado nas pesquisas de intenção de voto, atrás apenas de Lula – que deve ter sua candidatura impugnada –, Ciro Gomes disse que as negociações com PT, PSB e PSOL seguem seus cursos, mas que nenhuma definição acontecerá antes de julho.

O prazo vai bem além de 7 de abril, data na qual serão encerrados os processos de filiação partidária e de desligamento dos cargos eletivos, exigidos por lei. Para representante do PDT, “os obstáculos são enormes” para a formação do bloco. “Mas nós, políticos, estamos trabalhando, costurando”, ponderou. As informações são de Andrei Netto/O Estado de S.Paulo.

De acordo com Ciro Gomes, as pesquisas de opinião já começam a mostrar um cenário político pós-impugnação de Lula, com a liderança de Jair Bolsonaro, um empate técnico entre Marina Silva (Rede) e ele próprio, e com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em dificuldades. “Na minha análise, o Lula me sombreia, mas ele começa a ser simulado fora. E a população vai procurar. Nós já estamos pesquisando o que faz o eleitor indeciso. Estamos tentando entender isso cada um para o seu lado”, disse.

Questionado sobre as chances do bloco de esquerda, Ciro Gomes reiterou que uma aliança com PT só deve acontecer no segundo turno. “A probabilidade é de que esse ajuste com o PT só se dará no segundo turno por uma questão de hegemonias. Alguns ali preferem perder para a direita”, criticou.

Já em relação ao PSB, Ciro Gomes foi mais otimista, lembrando que recebeu autorização do diretório nacional da legenda para tentar sensibilizar as lideranças estaduais sobre a validade de uma coligação. A aliança, entretanto, está condicionada à não-candidatura própria, que poderia acontecer com a filiação do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa. “A possibilidade de ele não ser candidato é maior”, opinou.

Definida a posição de Barbosa, o PSB terá de decidir se apoia outra candidatura ou não. É para convencer a legenda que Ciro Gomes vem trabalhando. Para o presidenciável, mesmo assim “o blocão é improvável”. “O que recomenda a coesão? A iminência da derrota. Qual é a percepção hoje? É a de que esse lado (esquerda) vai ganhar”, entende. “A disputa interna (na esquerda) é por quem vai ganhar a eleição.”

PARA CIRO, MEIRELLES FOGE DO PRÓPRIO LEGADO ECONÔMICO

Ciro Gomes afirmou ainda em Montpellier que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, está deixando o cargo para fugir de seu próprio legado econômico. Meirelles deixa o governo para tentar viabilizar sua candidatura à presidência pelo MDB, mas, segundo o ex-governador e ex-ministro a saída tem mais a ver com o estado das finanças públicas e com a performance econômica do Brasil.

“Meirelles está fugindo do fato de que quebraram o país, mentiram grosseiramente para a população de que tinham revertido o quadro, e o quadro está se deteriorando pesadamente”, criticou. “É melhor sair porque provavelmente alguma agência de risco vai rebaixar de novo o Brasil. A situação é deplorável.”

Ciro Gomes perguntou a assessores por que partido Meirelles se candidataria, e ao saber que se tratava do MDB, avaliou a escolha. “Ele vai ser cristianizado. A tendência do MDB é não ter candidato e não se aliar a ninguém porque virou tóxico”, opinou, afirmando que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin fez um cálculo sobre buscar ou não uma coligação entre o PSDB e o MDB, refletindo entre o tempo de TV maior e a carga de carregar o legado do presidente Michel Temer.

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