Esquema de corrupção nos portos perdura há 20 anos, diz PF

Ao pedir as medidas cautelares contra os amigos de Michel Temer e outros investigados por suspeita de corrupção na edição do Decreto dos Portos, a Polícia Federal apontou que há indícios de que a corrupção do setor portuário “para fins pessoais e eleitorais” perdura há mais de 20 anos e está vigente até o dia de hoje. Para os investigadores, a peça central do esquema seria o coronel João Baptista Lima, amigo pessoal de Temer há mais de trinta anos.

Entre os 13 alvos da operação, batizada de Skala, estão outros amigos próximos de Temer: o advogado José Yunes e o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, além do coronel. Também foram presos os empresários Antonio Celso Grecco, do grupo Rodrimar, e Celina Torrealba, do grupo Libra. As duas empresas atuam no Porto de Santos.

“A Argeplan, agora oficialmente com o investigado João Batista Lima Filho como sócio, tem se capitalizado por meio do recebimento de recursos provenientes de outras empresas – as interessadas na edição do denominado Decreto dos Portos – e distribuído tais recursos para os demais investigados”, assinalou Barroso em seu despacho, com referência às investigações da PF. As informações são de O Globo.

“Desse modo, os sócios dessas empresas devem ser trazidos para prestar esclarecimentos, inclusive sobre se possuem conhecimento quanto à eventual atuação de João Batista no favorecimento de empresas concessionárias do setor portuário e na solicitação de vantagens indevidas a empresários com finalidade de beneficiar agentes políticos, seja por doações de campanha formais, ‘caixa 2’ ou mesmo sob forma de ‘propina’ direta, sem relação com campanhas eleitorais”, segue o ministro do Supremo.

A operação investiga também pagamentos indevidos ao presidente feitos por meio da reforma da casa de uma das filhas de Temer, pela arquiteta Maria Rita Fratezi, mulher do coronel João Baptista Lima, que foi intimada a depor.

A rapidez na deflagração da Operação Skala foi incomum: o pedido foi feito ao STF na segunda-feira, dia 26, Barroso autorizou a operação na terça-feira, dia 27, e os mandados foram cumpridos dois dias depois.

Segundo a PF, era necessário velocidade na operação, porque existiria “risco concreto de destruição de provas” devido à cobertura na imprensa do andamento do inquérito sobre Michel Temer (PMDB).

Para assessores de Temer, as prisões são ‘perseguição política’ ao presidente. Em Vitória (ES), Temer não fez nenhuma referência à operação durante a inauguração do novo terminal do Aeroporto da capital capichaba.

A decisão de Barroso foi tomada com base nas diligências do inquérito instaurado ano passado, a partir da delação da JBS, para apurar suspeitas de favorecimento da Rodrimar no Decreto dos Portos no governo Temer, como também informações do inquérito instaurado em 2011 a partir da denúncia da ex-mulher de Marcelo Azeredo, que presidiu a Companhia das Docas do Estado de São Paulo (Codesp), afirmando que Temer e Azeredo recebiam propinas de empresas que tinham contratos no Porto de Santos.

Neste inquérito antigo foi encontrada uma planilha, mencionada na decisão de Barroso que autorizou a operação desta quinta-feira, com siglas como MT, MA e L “que permitem supor sejam o Excelentíssimo Senhor Presidente da República Michel Temer, Marcelo Azeredo, presidente da Codesp entre 1995 e 1998, indicado por ele, e o amigo pessoal do senhor presidente, João Batista Lima Filho”, seguundo Barroso em sua decisão.

OUTRO LADO

Em nota, o Grupo Libra informa que “já está prestando todos os esclarecimentos à Justiça, e que uma de suas acionistas já depôs à Polícia Federal. Mais informações serão dadas após integral acesso aos documentos da investigação, o que, até o momento, não foi disponibilizado aos advogados da empresa”.

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