Boeing entrega nova proposta de modelo de negócio para compra da Embraer

Boeing e Embraer entregaram nesta terça-feira uma nova proposta de modelo de negócio ao grupo de trabalho montado pelo governo federal para avaliar a venda da fabricante brasileira à gigante americana. Segundo fontes envolvidas na negociação, “houve uma evolução na proposta” no sentido de “acomodar as preocupações das Forças Armadas relacionadas aos projetos de defesa”. Com essa acomodação, a expectativa é que o negócio seja aprovado na semana que vem.

As tratativas que as empresas mantêm para a combinação de seus negócios têm para a americana dois objetivos principais: acesso ao quadro de 4 mil engenheiros da fabricante brasileira e ampliar a chamada verticalização dos negócios (ou seja, produzir internamente), sobretudo nas áreas de trens de pouso e aviônicos (itens eletrônicos do avião).

— Milhares de engenheiros da Boeing devem se aposentar nos próximos anos. A Embraer, por sua vez, tem cerca de 4 mil engenheiros experientes, que trouxeram para o mercado os E1, Phenom, Legacy, KC-390 e E2 nos últimos 15 anos. Todos são modelos muito bons e foram executados de maneira rápida e eficiente — detalhou Stephen Trimble, consultor da consultoria Flighglobal. As informações são de O Globo.

Pessoas ligadas à negociação citam inclusive que um dos principais entraves para o acerto dos pontos entre as duas empresas e o grupo técnico do governo é justamente o fato de esses engenheiros transitarem entre as áreas de defesa e comercial, conforme o volume de projetos. A Boeing quer a integralidade, ou ao menos a maior parte dos engenheiros. A FAB, por sua vez, teme expor temas relacionados à defesa nacinoal aos americanos.

Embora a criação de uma terceira empresa, que retire a área de defesa do negócio, pareça a solução, há também o risco de a Embraer Defesa “morrer em 10 anos” por conta da baixa demanda pelos produtos, segundo especialistas.

— Para uma empresa de defesa sobreviver, é preciso que haja mais que um bom avião. É necessário um posicionamento geopolítico forte, coisa que o Brasil não tem — avaliou Adalberto Febeliano, especialista em Economia de Transporte Aéreo.

Sobre a verticalização dos negócios, o presidente executivo da Boeing, Dennis Muilenburg, declarou várias vezes que a empresa pretende ampliar a produção própria de itens, de forma a depender menos de fornecedores. Analistas explicam que essa é uma forma que a empresa tem de aumentar a sua margem de ganho.

Tudo isso sem contar a óbvia complementariedade de portfolios. A Boeing não fabrica aviões de porte médio, de até 150 lugares, que são o forte da Embraer. Portanto, a compra da brasileira e seus jatos E-2, coloca a americana no páreo para disputar o mercado do CSeries, jato da Bombardier que a Airbus comprou o controle em outubro do ano passado.

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