‘Cristo foi o primeiro exorcista’, diz padre que irá a Roma ensinar ritual

Com experiência de uma década expulsando demônios de pessoas que, segundo sua crença, estão possuídas pelo diabo, o padre mexicano Cesar Truqui irá para Roma neste mês para ensinar suas técnicas para outros sacerdotes da Igreja Católica interessados em aprender o antigo ritual. Em entrevista ao “Guardian”, o religioso contou que a demanda por exorcismos está aumentando, apesar da percepção entre grande parte dos católicos de que a prática é antiquada.

— Cristo foi o primeiro exorcista — disse Truqui. — O poder de expulsar demônios era um dos sinais de que o Cristianismo era uma religião verdadeira.

O Papa Francisco é o que despendeu mais tempo falando sobre o diabo entre todos os Pontífices modernos. Existem até mesmo relatos de que o Papa argentino teria realizado um “exorcismo informal” num jovem numa cadeira de rodas após assumir o cargo. Entretanto, raramente discute o ritual.

Ex-assistente do padre Gabriele Amorth, italiano reconhecido como o exorcista do Vaticano que teria realizados dezenas de milhares de rituais do tipo, Truqui é um grande defensor da prática. Segundo ele, cada vez mais bispos ao redor do mundo, que antes eram céticos, passaram a ver o exorcismo como uma solução possível para os problemas de seus fiéis, especialmente em casos onde a medicina moderna e a psiquiatria falharam. As informações são de O Globo.

Apesar dos incontáveis filmes de Hollywood, o padre mexicano afirma que casos de possessão são muito raros. A maioria das pessoas que o procuram tem problemas normais ou distúrbios mentais, casos que são encaminhados para psiquiatras. Porém, entre 2% e 3% dos relatos mostram sinais de influência demoníaca.

Essas pessoas, contou o padre, têm problemas que não podem ser explicados em termos médicos. Uma delas, que Truqui acredita ter sido amaldiçoada pela madrasta, experimenta uma sensação quase constante de adagas cortando suas pernas, agulhas furando seus braços e uma mão apertando o seu queixo. Outro se masturbava 40 vezes por dia.

— Falando de forma normal, é humanamente impossível — disse o sacerdote. — Então é uma coisa satânica.

Os possuídos, disse o padre, são capazes de feitos sobre-humanos. Às vezes suas vozes mudam, eles rosnam e falam em outras línguas. Truqui contou ter testemunhado pessoas que, repentinamente, começaram a falar em hebraico ou aramaico, apesar de nunca terem estudado esses idiomas. Outros possuem conhecimento de “coisas secretas”, como o que uma pessoas que não está presente está fazendo ou vestindo. Em alguns casos, eles apresentam sentimentos de desconforto quando levados a locais sagrados.

O caso mais estranho que presenciou foi o aparecimento de um “prego satânico” em cima de uma mesa:

— Não havia nada na mesa e, de repente, apareceu um prego preto enferrujado. Todos nós vimos. Eu queria guardá-lo, mas depois pensei: é como guardar uma coisa radioativa.

O ritual em si é nada parecido com o descrito pelo cinema. O exorcista coloca a mão nas costas ou na cabeça da pessoa e começa a recitar orações. Se ela realmente estiver possuída, disse o padre, ela começa a falar pelo diabo. Truqui lembrou um dos casos que o impressionou.

— (A pessoa) disse: “eu sou o príncipe deste mundo, eu sou satã”. E os pelos dos meus braços se arrepiaram. Quando você escuta um grunhido satânico, a voz do diabo, você pode reconhecer — disse Truqui.

Críticos afirmam que a prática do exorcismo estigmatiza e pode machucar pessoas que sofrem de distúrbios mentais ou problemas físicos de difícil diagnóstico médico. Existem também relatos de abusos feitos por exorcistas. Mas, para Truqui, os “pacientes” encontram a paz.

— No final do exorcismo, sempre existe o alívio — disse.

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