Juízas estão pedindo desfiliação da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em protesto contra a baixa representatividade feminina no congresso da categoria, marcado para o mês que vem, conforme antecipou a coluna de Ancelmo Gois, no GLOBO, nesta quarta-feira.
O movimento teve início com a juíza Rejane Jungbluth, titular do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de São Sebastião, no Distrito Federal.
Dos 36 palestrantes que constam da programação, divulgada no site oficial do evento, apenas três são mulheres: a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo nome está acompanhado da ressalva de que ela não confirmou presença; a procuradora-geral da República, Raquel Dodge; e a senadora Ana Amélia (PP-RS). A juíza Rejane ressalta que nenhuma das duas confirmadas pertence à magistratura. As informações são de O Globo.
Integrante da “comissão científica” do congresso da AMB, Michelini Jatobá afirma que o material inicialmente divulgado só tinha o nome dos palestrantes confirmados. Segundo ela, 11 mulheres participarão do evento, entre elas a presidente do STF, ministra Cármen Lúcia.
— Muitos convites foram aceitos depois da divulgação do primeiro material publicitário. Esses nomes ainda serão divulgados — disse Michelini.
A programação do Congresso Brasileiro de Magistrados também gerou insatisfação na juíza Andréa Pachá, titular da 4ª. Vara de Órfãos e Sucessões do Rio. Assim como Rejane, ela pediu sua desfiliação da AMB.
— A magistratura hoje tem quase 40% de mulheres no seu quadro. O mundo hoje é mais inclusivo, mais conectado com a necessidade da igualdade — afirmou Andréa.
Tanto Andréa quanto Rejane disseram que não há um movimento articulado e que as juízas, ao tomarem conhecimento do fato, aderiram espontaneamente. Segundo Rejane, pelo menos seis magistradas do Distrito Federal deixaram a AMB desde então. Ela disse não saber o número total de juízas que teriam deixada a associação no país. Michelini, que faz parte da organização do congresso, afirmou que foram “em torno de 12”.
— A ideia não era polemizar. Foi apenas o desconforto de permanecer em uma associação nesses moldes. Não basta o aumento de magistradas para que não haja discriminação. A gente precisa mudar esses padrões de comportamento — disse Rejane.