Anotações em um celular antigo de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer que está preso, sugerem que ele negociou sua indicação para cargos na Caixa Econômica Federal e em Itaipu. As notas não têm datas, mas, pelo conteúdo, a Polícia Federal (PF) suspeita que se tratem do final de 2014, depois de ele ter ficado apenas como suplente na eleição para a Câmara, segundo O Globo.
Em uma das anotações, Rocha Loures escreve uma mensagem a Temer dizendo ter obtido apoio do então presidente da Câmara para ser indicado para a vice-presidência de Fundos e Loterias da Caixa. “Michel, acabo de ter ótima conversa com Henrique (Eduardo Alves, também preso). Pedi a ele apoio para permanecer em Brasília. Ele concordou e sugeriu a VP da Caixa ocupada anteriormente pelo Moreira. Ressaltou-me que pelo meu perfil e estilo posso ajudá-lo e apoiá-lo (agora e no futuro)”, escreveu o ex-assessor.
Em outra nota, o ex-assessor escreve a Temer dizendo que aceitaria ser indicado para Itaipu, que fica em Foz do Iguaçu (PR), apesar de sua preferência em continuar em Brasília. “Michel, pode ser ltaipu. ldealmente, como sabe, gostaria de estar em Brasília ao seu lado servindo nosso governo, ao PMDB e ao Paraná. O que você decidir está bom para mim”, escreveu Rocha Loures.
As indicações não aconteceram e Rocha Loures acabou voltando a ocupar o cargo de assessor especial de Temer na vice-presidência, tendo o acompanhado quando ele chegou à Presidência da República após o impeachment.
Rocha Loures deixou a função em março para ocupar uma vaga na Câmara com a indicação de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça. A demissão de Serraglio no final de maio tirou o cargo do ex-assessor, que acabou preso dias depois.
Ele é acusado de receber propina da JBS em nome do presidente Michel Temer após interferência do governo para solucionar uma disputa entre a Petrobras e a térmica EPE, que pertence ao grupo do empresário Joesley Batista.