Apenas 16% das candidaturas para presidente, governador e senador são de mulheres

São elas que vão decidir a eleição, mas as mulheres ainda estão longe de ocuparem uma posição de protagonismo no cenário político do país. De acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 30,7% das candidaturas registradas nesta eleição são de mulheres, abaixo do percentual de 2014, quando 31,1% dos candidatos eram do sexo feminino. Nos cargos majoritários – presidente, governadores e senadores – o percentual é ainda mais baixo, apenas 16%.

As candidatas aos cargos de governador são a minoria: 14%. Por outro lado, as mulheres que aparecem como vice somam cerca de 36%. O número maior, no entanto, seria uma tática dos partidos para cumprir a cota de 30% para garantir repasse o obrigatório do fundo eleitoral para candidatas mulheres. Sem uma definição clara do TSE sobre como aplicar o dinheiro da cota feminina, uma das táticas é usar parte desse recurso nas campanhas de homens que estejam na cabeça de chapa, conforme revelou reportagem do GLOBO.

Os estados que aparecem com o menor número de candidatas são Paraná, no Sul, e Tocantins, no Norte. Ambos só possuem o registro de 17 mulheres, quase 70 vezes menos que o número de candidaturas femininas em São Paulo, que aparece em primeiro lugar, com 1.175 registros.

As mulheres também ficam em desvantagem quando o recorte é feito pelos partidos. Nem mesmo no Partido da Mulher Brasileira (PMB) elas são maioria. Segundo o TSE, foram 39% de registros pela legenda, que possui a maior presença feminina. O PSL de Jair Bolsonaro, que enfrenta resistência entre o eleitorado feminino, tem o menor percentual de candidatadas, apenas 28% dos nomes que lançou neste pleito. No debate entre os presidenciáveis da RedeTV, realizado na última sexta-feira, Bolsonaro foi confrontado por Marina Silva (REDE) após defender que o Estado não deve atuar no combate da desigualdade salarial entre homens e mulheres.

– Historicamente todos nós sabemos que a mulher nunca teve esse espaço garantido no período eleitoral. Até hoje nós sentimos essa grande falta. As próprias instituições não respeitam o papel da mulher – afirmou Suêd Haidar, presidente nacional do PMB.

Segundo Suêd, o partido pede que a prioridade seja para as candidaturas femininas, mas admite que ainda está longe da realidade ideal:

– Saimos na frente em nosso quadro, lançamos proporcionalmente 40% de candidatas. Mas até construir isso é uma caminhada árdua. Eu peço prioridade às candidaturas femininas – explicou Suêd, que lembrou ainda que por decisão do partido, ficou definido que 70% do fundo eleitoral destinado ao PMB será destinado as mulheres candidatas.

Nesta segunda-feira, a própria presidente do TSE, ministra Rosa Weber, afirmou que as mulheres são sub-representadas na política brasileira. Ela chamou a atenção para o uso de candidaturas mulheres “laranjas”, que foram constatadas em anos anteriores.

— Há uma verdadeira sub-representação política feminina na política brasileira — disse a ministra, lembrando que a cota de 30% de candidaturas mulheres só veio a ser respeitada pela primeira vez em 2012.

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CANDIDATOS FOCAM NAS MULHERES

Enquanto o número de candidatas do sexo feminino parece não ser prioridade dos partidos, as pautas voltadas para as mulheres passou a dominar os discursos dos candidatos. O próprio Bolsonaro vem tentando evitar dar declarações que possam ser consideradas ofensivas. Após o embate com Marina Silva, ele disse ao GLOBO que não foi agressivo com a candidata.Apenas duas candidatas mulheres disputam a Presidência: Marina Silva e Vera Lúcia (PSTU).

Para o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, os partidos têm dificuldade de inserir as mulheres na política.

– O eleitorado é majoritariamente feminino, mas isso não se reflete nas candidaturas. Apesar de terem algum espaço reservado há alguns anos, há uma dificuldade das mulheres ingressarem na política e se candidatarem. Elas não têm se empolgado a ponto de participar do mundo da política, que é dominado por homens – explica.

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