Assembleia aprova venda de divisão de aviação comercial da Embraer para Boeing

Aviões da Embraer

A venda do controle da divisão de aviação comercial da Embraer para a Boeing foi aprovada nesta terça-feira (26) por assembleia de acionistas da fabricante brasileira, que ficará com apenas 20% de sua principal geradora de recursos.

A assembleia contou com participação de detentores de cerca de 67% das ações em circulação da Embraer, das quais 96,8% foram favoráveis ao negócio, informou a companhia brasileira.

Além da venda de 80% da divisão de aviação comercial, o negócio inclui a formação de uma joint-venture para promoção e venda do cargueiro KC-390. Neste caso, a Embraer ficará com 51% das ações da parceria para o cargueiro e a Boeing com o restante.

A assembleia só ocorreu no prazo marcado depois que a presidente do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, Terezinha Cazerta, derrubou liminar que impedia a realização da reunião dos acionistas. A liminar tinha sido pedida por sindicatos de metalúrgicos, que afirmam que o negócio representa uma ameaça aos interesses nacionais.

A operação também era questionada pela Associação Brasileira de Investidores (Abradin), que defendia que a transação deveria ter levado a uma oferta pública de ações para todos os acionistas da Embraer.

Por volta de 11h25, as ações da Embraer subiam 2,99%, a R$ 19,98, após terem tido as negociações suspensas momentaneamente em razão do fato relevante da Embraer. Antes de terem os negócios suspensos, os papéis mostravam valorização de 4,3%, cotados a R$ 20,24, perto da máxima da sessão, de R$ 20,29.

Em 2018, o papel acumulou valorização de 9%. A Embraer anunciou oficialmente tratativas com a Boeing em meados do ano passado.

A transação avalia a divisão de aviação comercial da Embraer em US$ 5,26 bilhões e contempla um valor de US$ 4,2 bilhões pela participação de 80% da Boeing.

Os negócios de defesa e jatos executivos e as operações de serviços da Embraer associados a esses produtos permanecerão como uma empresa independente e de capital aberto.

Segundo avaliação da Abradin, porém,  a empresa que vai surgir a partir da venda da divisão de aviação comercial da Embraer para a Boeing, vai poder competir diretamente com a produção de jatos executivos da fatia brasileira da Embraer que ficou de fora do negócio. Esse detalhe do contrato foi antecipado em reportagem da Folha.

Em meados de janeiro, a Embraer informou que espera que suas receitas caiam em cerca de 50% em 2020 diante da separação da divisão comercial do restante da empresa. A companhia também afirmou que espera reverter um fluxo de caixa negativo de 2018, com o efeito da entrada de recursos da Boeing e previu fluxo positivo de US$ 1 bilhão com a conclusão da operação.

Com o acordo, os acionistas da Embraer receberão cerca de 35% dos recursos da Boeing.

REUTERS

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