Bolsonaro diz que não será o ‘salvador da pátria’, mas fala em ‘missão’ e ‘ser escolhido’

Num discurso com afagos e acenos aos militares, reiterações de citação bíblica, em defesa de valores conservadores e com fortes críticas ao centrão, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou não ser um “salvador da pátria”. Mas, no mesmo discurso, o ex-capitão da reserva disse que está numa “missão” e se colocou como “escolhido” na corrida presidencial.

Logo após ser aclamado candidato do PSL à Presidência da República, Bolsonaro discursou por quase uma hora, sendo ovacionado pelos apoiadores que compareceram ao Centro de Convenções Sul América, no Rio. Ele deu uma pista do que seria um eventual governo seu: formado por boa parte de generais e com “extinção” da maioria das estatais.

– Nasci em 1955. Minha querida mãe ainda está viva. Foi uma gestação bastante complicada. Ela, bastante católica, colocou um dos meus nomes de Messias. Não sou salvador da pátria. Quem vai salvar a pátria somos todos nós – disse Bolsonaro logo no começo do discurso.

Mais ao fim, porém, o candidato falou em “missão” e em ser “escolhido”: JUSSARA SOARES, MARCO GRILLO E VINÍCIUS SASSINE – O Globo

– Não tenho ambição pelo poder. Entendo tudo como missão. O Brasil não aguenta mais quatro anos de PT ou PSDB. Vamos juntos resgatar o nosso Brasil. (…) Antes que falem que eu não entendo de economia, Paulo Guedes (o economista citado por Bolsonaro para ser ministro da Fazenda), há uma citação que diz que “Deus não chama os capacitados, capacita os escolhidos”.

‘SOU O PATINHO FEIO’

Bolsonaro disse ter ciência do “desconforto” que causa:

– Eu sou o patinho feio nesta história, mas tenho certeza que seremos bonitos brevemente.

O candidato do PSL, que até agora está completamente sozinho na disputa, sem um partido aliado, criticou o centrão, grupo de partidos que decidiu apoiar o tucano Geraldo Alckmin na disputa presidencial.

– Quero agradecer a Geraldo Alckmin por ter juntado ao seu lado a nata do que há de pior no Brasil – afirmou.

Apesar das críticas ao centrão, parlamentares do arco político, formado por PR, DEM, PRB e PP, estavam presentes no evento, como o senador Magno Malta (PR-ES) e o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Bolsonaro listou quem são seus principais apoiadores: o economista Paulo Guedes; o general da reserva Augusto Heleno (PRP), cotado a ser seu vice, mas vetado pelo PRP; Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, filiada ao PSL, a “caçula da turma” e cotada a vice na chapa; o ator Alexandre Frota; e os ruralistas.

O candidato falou em “extinguir a maioria das estatais” e em preservar as “estratégicas”, já que “nenhum país pode se furtar disso”. Ele ainda defendeu revogar emenda constitucional que “relativizou a propriedade privada”. Bolsonaro também afirmou que vai revogar a chamada lei da palmada.

– A esquerda, ao longo de seus 13 anos, foi buscando maneiras de impor a sua vontade e a propriedade privada nunca foi respeitada pela esquerda, porque lá ninguém nunca trabalhou – afirmou.

O candidato do PSL fez um forte aceno aos militares:

– Meus amigos e meus irmãos policiais militares, vou conseguir a retaguarda jurídica para que vocês possam muito bem cumprir sua missão. Irmãos da Marinha, Exército e Aeronáutica, vocês serão reconhecidos no meu governo, porque são atacados diuturnamente. Atacados pelos maiores absurdos dessa esquerda que está aí, porque são o último obstáculo para o socialismo.

O deputado citou ainda, por diversas vezes, passagem bíblica que diz que “a verdade vos libertará”. Foi a inspiração para o slogan da campanha, “Muda Brasil de Verdade”.

– O Brasil não precisa de marqueteiros, de centrão, de demagogos, populistas. O Brasil precisa só da verdade.

Bolsonaro encerrou o discurso como todos encerraram, algo que foi combinado antes da convenção:

– Brasil acima de tudo, Deus acima de todos.

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