Com aumento de casos de covid-19 no RN, Governo do Estado vai anunciar novas medidas restritivas

Nesta quinta (18), a Região Metropolitana de Natal estava com 86,5% de seus leitos críticos (semi-intensivos e UTI) ocupados e cinco hospitais no Rio Grande do Norte chegaram ao limite de atendimento aos pacientes com o novo coronavírus com 100% de ocupação. O aumento dos casos de covid-19 levou a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), juntamente com seu Comitê Científico, a emitir uma nova recomendação para intensificar medidas de restrição e ações de vigilância. O documento será divulgado nesta sexta (19).

“A rede assistencial na Região Metropolitana está nem estresse intenso, com taxas de ocupação se aproximando de 100% e isso exige medidas de restrição. Outros estados, como o Ceará e a Bahia, já estão adotando essas medidas e nós estamos discutindo o que será anunciado amanhã. As medidas vão no sentido da restrição de circulação de pessoas, aglomerações, eventos, funcionamento de bares e restaurantes que são pontos que têm se caracterizado como aglomeração, além de atividades e serviços que facilitam a aglomeração e contágio, principalmente, em ambientes fechados”, adianta Cipriano Maia, Secretário Estadual de Saúde.

Sobre as aglomerações vistas durante o carnaval, como na praia de Pipa, em Tibau do Sul, o titular da Sesap conta que não foi possível adotar medidas preventivas porque cabia aos municípios a regulamentação do que poderia ou não funcionar.

“Desde o início temos adotado e recomendado medidas restritivas. A governadora, inclusive, baixou um decreto antes do carnaval com recomendações de proibir qualquer atividade nesse sentido. A questão é que muitas dessas atividades como comércio, eventos e serviços, têm regulamentação municipal. Além disso, o Governo se colocou disponível dentro da ideia do Pacto pela Vida de apoiar com o sistema de segurança a implementação dessas medidas. Mas, muitos desses municípios não implementaram essas medidas no contexto em que se exigia. No final do ano o Governo do Estado também decretou isso e a justiça desautorizou, especificamente, no réveillon de Pipa. Então, esse conflito de competências, a falta de unidade e a interferência das decisões judiciais, dificultam esse entendimento. Sem falar do contexto nacional, onde temos governantes com atitudes negacionistas, que desautorizam e não cumprem o papel de coordenar uma ação nacional que reforce uma ação dos governadores, prefeitos e secretários pra convencer a população da importância dessas medidas. Tivemos uma segunda onda com muita força que exige a intensificação dos cuidados e restrições. Nosso platô está alto desde novembro e teve como disparador as eleições, para as quais o Comitê também havia recomendado restrições, mas a Justiça Eleitoral alegou que não podia restringir o debate, a participação. Os resultados estão aí, de certa forma, a dificuldade de medidas unificadas se reflete agora”, desabafa Cipriano Maia, que também preside o Comitê Científico do estado.

Na conversa com os prefeitos da Região Metropolitana na última terça (16), além de discutir a abertura de novos leitos, a Sesap também reforçou a importância de intensificar as ações na atenção básica, vigilância, rastreio de casos e contatos, para que haja uma ação mais efetiva no controle da transmissibilidade que tem se mostrado crescente, principalmente, pela circulação de novas variantes do vírus, que já foram identificadas na Paraíba, Ceará e em outros estados do Brasil. Apesar de não haver exames que comprovem a existências de novas cepas no Rio Grande do Norte, Cipriano Maia não descarta que as variantes do novo coronavírus já estejam circulando por aqui.

“Nós não tivemos ainda a comprovação, mas a avaliação dos epidemiólogos, virologistas e imunologistas é de que dificilmente não teríamos essas variantes circulando no Rio Grande do Norte porque essas três cepas mais recentes já estão em circulação no mundo todo, seja a variante sul africana, a inglesa ou essa que tem sido chamada de brasileira. Os vírus estão em circulação a todo momento, já são mais de 500 variantes. Então, independente dos pacientes que foram transferidos pra cá, tivemos pessoas que vieram de Manaus e foram para vários estados quando a crise se prenunciou lá. Essa circulação tem sido feita por outros meios, que não os pacientes, sobre os quais temos até mais controle. Essas variantes podem até estar contribuindo para esse aumento da transmissibilidade, daí a importância de reforçarmos as medidas que todos nós sabemos que precisamos fazer”, explica o titular da Sesap.

Prestes a completar um mês do início da vacinação nesta sexta (19), o Rio Grande do Norte tem apenas um calendário preliminar de imunização para os meses de fevereiro e março apresentado pelo Ministério da Saúde, que se comprometeu em apresentar uma nova agenda de imunização para os demais meses do ano.

“O Estado se preparou para distribuir a vacina em menos de 24 horas depois que recebe e tem cumprido seu papel na logística, apoio após municípios, treinamento de pessoal e parceria com as universidades, o problema maior da vacinação é a disponibilidade de vacina. Essa é uma cobrança dos secretários de saúde, governadores e da sociedade brasileira, critica Cipriano Maia.

Apesar do envio de novo lote da coronavac na próxima semana, o secretário da Sesap avalia que ainda não será possível cobrir a faixa de idosos acima dos 75 anos, que é de cerca de 122 mil pessoas. O Ministério da Saúde não divulgou as quantidades que seriam enviadas, mas a expectativa é que só em março a imunização dessa faixa de idade seja concluída e, a partir daí, seja iniciada a imunização de novos grupos. O estado também aguarda que o Ministério da Saúde envie vacinas para imunização da população indígena do estado.

“O Rio Grande do Norte foi o único estado que não recebeu e estamos cobrando isso a toda hora. Estamos na expectativa de receber esse quantitativo adicional de doses para a população indígena e outros grupos prioritários, como a população de rua e comunidades quilombolas”, explica Cipriano Maia, que lembra que o estado também tem defendido a inclusão dos profissionais da educação entre os grupos prioritários para um retorno às aulas presenciais.

*Por Mirella Lopes

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