Com Moro de carona, Bolsonaro vai a churrasco com Maia, Davi e Toffoli

O presidente Jair Bolsonaro é recebido pelo presidente da câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) ao chegar para almoço na residência oficial da câmara
O presidente Jair Bolsonaro é recebido pelo presidente da câmara dos deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelo ministro Onyx Lorenzoni (Casa Civil) ao chegar para almoço na residência oficial da câmara – Pedro Ladeira/Folhapress

Originalmente anunciado como um evento restrito entre os presidentes dos Três Poderes, o almoço deste sábado (16) na residência de Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, transformou-se em uma confraternização informal entre boa parte da cúpula política de Brasília.

Um dia antes de embarcar para Washington, nos EUA, o presidente Jair Bolsonaro chegou ao churrasco de camisa de manga curta azul clara e levou de carona o ministro Sergio Moro (Justiça), que não estava na lista inicialmente. Eles foram recebidos por um Maia sorridente, de camisa polo preta.

Também apareceu sem estar na lista original de convidados o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente e protagonista de um escândalo de suspeita de corrupção envolvendo integrantes de seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), cuja residência oficial é vizinha à de Maia, foi um dos primeiros a chegar, mas saiu pouco depois. Ele retornou após alguns minutos com o presidente do STF (Supremo Tribunal  Federal), Dias Toffoli, no carro oficial do Senado.  Daniel Carvalho e Thais Bilenky – Folha de São Paulo

Dos 22 ministros, compareceram 15, entre eles Ricardo Vélez (Educação). Não apareceram Paulo Guedes (Economia), comandante da reforma da Previdência, e Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), cujo cargo está sob risco por causa do escândalo dos laranjas do PSL, revelado pela Folha.

O general Santos Cruz (Secretaria de Governo) chegou caminhando, de camisa polo vinho e óculos escuros. “Me mandaram no meu zap aqui que era para almoçar. Não tenho ideia de agenda”, disse na entrada.

Ministro do ex-presidente Michel Temer (MDB), hoje secretário do governo João Doria (PSDB)Alexandre Baldy (PP) chegou dirigindo e foi embora pouco depois. Abriu a janela e explicou. Esteve lá para levar a filha, amiga dos filhos de Rodrigo Maia. E se despediu com o slogan do novo chefe: “Acelera”, acompanhado do gesto com a mão.

ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), curtiu o sábado ensolarado no cerrado de camiseta azul, depois de dias na Antártida. Saiu de -45ºC para 28ºC, segundo o The Weather Channel.

Poucos congressistas apareceram. Um deles foi o senador Marcos do Val (PPS-ES), relator do decreto legislativo apresentado pelo PT no Senado para anular a medida de Bolsonaro que flexibiliza a posse de armas para civis.

Os outros dois foram os deputados Fernando Coelho Filho (DEM-PE) e Arthur Lira (AL), líder do PP na Câmara, um dos críticos mais contundentes da falta de articulação política do governo Bolsonaro.

A cúpula do PSL no Congresso não estava presente. Os líderes do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e no Congresso, Joice Hasselmann (PSL-SP), e o líder do partido, deputado Delegado Waldir (GO), não foram.

A reunião acontece em um momento de arestas a serem aparadas entre os três Poderes.

Sem base aliada formada, o governo Bolsonaro é criticado no Congresso pela articulação política considerada falha. Para darem início à tramitação da reforma do regime geral da Previdência, deputados e senadores exigem cargos, repasses de verbas e o envio do projeto que alterará o sistema de aposentadoria dos militares.

Anfitrião do almoço, Maia assumiu a função de costurar uma base aliada para Bolsonaro na intenção de garantir a aprovação da reforma.

O Senado, que não pretende ficar sem protagonismo, elevou a temperatura na relação com o Supremo.

Alguns senadores reclamam do que chamam “ativismo judicial” e têm nas mãos pedidos de impeachment contra diferentes magistrados, um requerimento de criação de CPI para investigar integrantes das cortes superiores e projetos que revertem decisões do tribunal e estabelecem mandato de oito anos para seus ministros.

O Supremo, por sua vez, irritou congressistas na última semana ao decidir que crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, quando investigados junto com caixa dois, devem ser processados na Justiça Eleitoral, e não na Federal.

Mas o que mais incomodou foi o inquérito anunciado por Toffoli para apurar a existência de fake news, ameaças e denunciações caluniosas, difamantes e injuriantes que atingem a honra e a segurança dos membros da Corte e de seus familiares.

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