O papa Francisco abraça o ex-guerrilheiro Juan Carlos Murcia, que perdeu a mão em uma explosão
“Estava manipulando uma bomba e sofri um acidente, perdi a mão esquerda, e nesse dia resolvi começar uma vida nova com minha mulher e meus três filhos. Tinha sido recrutado aos 16 anos.”
Com a intervenção do ex-guerrilheiro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) Juan Carlos Murcia Perdomo, teve início a série de depoimentos de ex-combatentes e familiares de vítimas do conflito armado colombiano que o papa Francisco assistiu ao final de seu segundo dia de visita ao país, nesta sexta-feira (8).
O ato ocorreu no fim da tarde em Villavicencio, capital do Departamento de Meta, um dos mais atingidos pelos confrontos entre guerrilhas, paramilitares e Exército.
“É preciso pôr um fim a essa cadeia de violência. O ódio estimula mais ódio, não se pode viver de rancor. Só com o perdão e a reconciliação é possível vencer a morte”, disse o pontífice, após ouvir os testemunhos. As informações são de SYLVIA COLOMBO, Folha de São Paulo.
Mais cedo, Francisco beatificara dois sacerdotes colombianos mortos pela violência das últimas décadas. A cerimônia foi assistida por mais de 400 mil pessoas. Como em Bogotá, o papa fez um sermão enfatizando a necessidade de “abandonar as trevas da vingança”, da qual disse se alimentarem aqueles que são contra aos acordos de paz com as guerrilhas.
De cada lado do pontífice, durante o sermão, estavam quadros com as imagens dos sacerdotes. Um dos beatificados foi o bispo Jesús Emilio Jaramillo, assassinado em 1989 por integrantes da guerrilha ELN (Exército de Liberação Nacional), com o qual o Estado colombiano vem negociando um acordo de paz.
O outro é o sacerdote Pedro María Ramírez, morto enquanto visitava doentes num hospital quando explodiu o chamado “Bogotazo”, revolta popular por conta do assassinato do líder político Jorge Eliecer Gaitán, em 1948, inaugurando um longo período de enfrentamentos chamado de “La Violencia”.