Economia dos EUA cai 4,8% no 1º tri, o maior tombo desde a Grande Recessão

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A economia norte-americana teve, no primeiro trimestre de 2020, o seu maior tombo desde a Grande Recessão, reflexo das medidas de paralisação de atividades para conter o surto do novo coronavírus.

O tombo de 4,8% no trimestre, em termos anualizados, colocou fim ao maior ciclo de crescimento econômico registrado na história dos Estados Unidos. A divulgação do PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano, em taxa anualizada, é diferente da leitura da economia brasileira, que é feita sempre pela variação no trimestre.

Pela leitura trimestral, o PIB dos EUA recuou 1,2% no período de janeiro e março, quando comparado com outubro a dezembro de 2019.

A queda reportada pelo Departamento de Comércio americano foi ainda maior que a prevista por economistas ouvidos pela agência Reuters. Eles projetavam uma contração de 4% no período de janeiro a março, ainda que as estimativas fossem amplas a ponto de englobar previsões de queda de até 15%.

O pior, segundo economistas, ainda está por vir: o PIB pode despencar 30% ou mais no segundo trimestre.

Na China, onde começou o coronavírus e que teve paralisações desde janeiro, o tombo do PIB no primeiro trimestre foi de 6,8%. O Brasil divulgará seus dados no final de maio.

A retração do PIB reflete o mergulho da economia do país nas duas últimas semanas de março, período em que milhões de norte-americanos solicitaram seguro-desemprego. Desde o começo da crise do coronavírus, mais de 26 milhões de trabalhadores do país pediram o auxílio.

Esse indicador reforçava a visão de analistas de que a economia do país já estava em uma profunda recessão.

O agravamento do quadro virá porque serviços não essenciais continuam fechados e o desemprego aumenta semana após semana, cortando a renda e o potencial de consumo das famílias.

O motor da economia americana na última década foi justamente o consumo, responsável por dois terços do PIB.

Em março, as vendas do varejo americano recuaram 8,7%, a mais profunda queda desde 1992.

“A economia está em queda livre, podemos estar nos aproximando de algo muito pior que a grande recessão”, disse Sung Won Sohn, professor na Universidade Loyola Marymount, em Los Angeles.

“É prematuro falar sobre recuperação neste momento, ainda vamos ver muita falência de pequenas e médias empresas.”

Em uma tentativa de minimizar os danos da quarentena, o governo americano aprovou um pacote de US$ 2,2 trilhões (R$ 12,3 trilhões) para ajudar empresas e famílias. Como transferência de renda, está pagando US$ 1.200 aos afetados pela pandemia. O governo também ampliou os trabalhadores elegíveis ao seguro-desemprego, incluindo os informais de aplicativos, como motoristas e entregadores.

O tombo do primeiro trimestre deste ano foi o mais profundo desde a queda registrada no primeiro trimestre de 2009, quando a economia norte-americana atravessava a crise iniciada em 2008.

Muitas fábricas e negócios considerados não essenciais, como restaurantes, foram fechados ou obrigados a operar abaixo da capacidade em meio a quarentenas impostas para conter a pandemia de Covid-19.

E uma parcela daqueles que não perderam o emprego passou a fazer home office, o que, na avaliação de especialistas, reduz a produtividade. Isso porque é preciso conciliar o trabalho com as tarefas da casa e a educação dos filhos, por exemplo.

“Para trabalhadores que passaram a trabalhar de casa, é altamente improvável que a produtividade tenha se mantido a 100%”, afirmou Kwok Ping Tsang, professor associado da Virginia Tech College of Science.

*Reuters

 

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