Em meio à pressão no Congresso, presidente do BC diz que não há espaço para prorrogar auxílio sem contrapartida

Em meio à pressão no Congresso para a prorrogação do auxílio emergencial, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que há muito pouco ou nenhum espaço para mais transferências sem algum tipo de contrapartida por causa da deterioração do quadro fiscal do país nos últimos meses.

O titular da autoridade monetária disse, em evento virtual do Observatory Group nesta terça-feira (9), que o BC não participa da formulação da política fiscal, mas que há consenso nos poderes Executivo e Legislativo de que é preciso ter disciplina.

“Temos muito pouco ou nenhum espaço para mais transferências fiscais sem algum tipo contraparte”, reforçou.

Para ele, se houver contrapartida, o mercado pode reagir melhor. “Você está passando a mensagem de que você está disposto a gastar um pouco mais mas está tomando medidas para impedir que a dívida cresça no futuro”, destacou.

Campos Neto apontou que há risco de adotar medidas para estimular a economia, com outro pacote fiscal, e ter um efeito negativo.

“Estamos em um ponto de inflexão que o mercado diz que se gastarmos mais, a reação, frente à fragilidade que temos no quadro fiscal, vai afetar o benefício de colocar mais dinheiro na economia”, avaliou. Com isso, segundo ele, pode-se criar um ambiente contracionista ao invés de expansionista.

Nos últimos dias, discussões sobre a prorrogação do auxílio emergencial ganharam tração no Congresso e no governo.

presidente Jair Bolsonaro disse, nesta segunda-feira (8), que deve prorrogar o benefício para famílias afetadas pela pandemia do coronavírus.

“Eu acho que vai ter. Vai ter uma prorrogação. Foram cinco meses de R$ 600 e quatro meses de R$ 300. O endividamento chegou na casa dos R$ 300 bilhões. Isso tem um custo. O ideal é a economia voltar ao normal”, disse em entrevista à TV Bandeirantes.

No domingo (7), a Folha revelou que o Ministério da Economia prepara uma proposta que libera três parcelas de R$ 200, com foco nos trabalhadores informais não atendidos pelo Bolsa Família. A ideia seria também estabelecer novas exigências para o recebimento do benefício.

De acordo com um membro do governo que participa da elaboração da medida, a proposta muda o nome da assistência, que deve passar a ser chamada de BIP (Bônus de Inclusão Produtiva).

Para receber o auxílio, a pessoa terá de participar de um curso para qualificação profissional. O plano também prevê que o benefício seja associado à Carteira Verde e Amarela, programa que deve ser relançado pelo governo para reduzir encargos trabalhistas e estimular a formalização de pessoas de baixa renda.

O presidente do BC estimou ainda que o PIB (Produto Interno Bruto) deve crescer 3,27% neste ano, mas disse que o crescimento do segundo trimestre depende da velocidade da vacinação da população. “Acredito que o segundo semestre será melhor”, afirmou.

“Ainda há muita incerteza quanto à vacinação e às novas variantes do coronavírus”, analisou.

Folha SP

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