Empresário admite ter comprado terreno para o Instituto Lula

empresário Dermeval Gusmão Filho, dono da construtora DAG, admitiu ao juiz Sergio Moro ter feito pagamentos de R$ 7,1 milhões para a compra do terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula. Dermeval disse ainda que pagou R$ 234 mil ao advogado Roberto Teixeira e outros R$ 800 mil para Glauco Costamarques (primo do pecuarista José Carlos Bumlai, que é amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), em dezembro de 2010, por meio de contratos com data retroativa.

O empresário é réu no caso que investiga a compra desse terreno em São Paulo e também de um imóvel vizinho ao apartamento em que Lula mora, em São Bernardo do Campo (SP). A Lava-Jato acredita que a DAG foi usada como laranja na compra do terreno.

— A contragosto eu acabei fazendo esses pagamentos. Eu paguei a Roberto Teixeira mesmo ele não tendo advogado para mim. Ele foi advogado de todo mundo, menos meu. Mas eu paguei R$ 234 mil. Saiu da conta corrente de minha empresa para a conta dele. As informações são de GUSTAVO SCHMITT, O Globo.

Em certo momento, perguntado por um advogado sobre quem era o real proprietário do imóvel, Dermeval suspirou e lamentou sua participação no negócio.

— Doutor, se o senhor me perguntasse na época, eu afirmaria que esse terreno era meu. Hoje, com o desenrolar desse processo, vendo a quantidade de pagamentos feitos à minha revelia, que eu não tinha ciência, por fora, o que eu posso dizer ao senhor é que eu fui enganado. Hoje, eu entrei aqui como um laranja e vejo que fui um pato, isso que eu fui — disse Dermeval.

No depoimento, Dermeval disse ainda que a DAG entrou no negócio da compra do terreno a pedido da Odebrecht, já que a empreiteira “não queria aparecer, naquele momento”. O empresário disse que acertou os detalhes num almoço com Marcelo Odebrecht, ex-presidente da empreiteira que leva o seu nome.

— Ele (Marcelo Odebrecht) disse: ‘Olha muito provalvelmente você compra o terreno, constrói e o Instituto vai definir se vai comprar ou alugar.Tinha uma pressa em resolver logo isso e no início do ano seguinte (2011), um pool de empresas faria doação paro instituto que teria capacidade de fazer investimentos numa nova sede — contou Dermeval.

Segundo Dermeval, ele ouviu o nome de Lula apenas duas vezes do advogado Roberto Teixeira. A primeira vez em forma de cobrança porque o petista já estava em vias de deixar a Presidência mas o assunto do terreno ainda não estava pronto e a segunda vez como agradecimento. Segundo Dermeval, Teixeira teria lhe prometido um encontro com Lula após o fim do mandato.

Em delação, Marcelo Odebrecht disse que a empresa comprou o terreno por R$ 12 milhões. Cerca de R$ 7 milhões teriam sido pagos oficialmente e outros R$ 5 milhões foram repasses feitos “por fora” por meio de uma offshore, intitulada Beluga.

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