Empresas do senador Perrella fizeram transações suspeitas de R$ 21 milhões, diz Coaf

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) comunicou à Procuradoria-Geral da República a identificação de movimentações ‘suspeitas’, nos últimos três anos, que totalizaram R$ 21 milhões nas contas de empresas ligadas ao senador Zezé Perrella (PMDB-MG) – entre elas, a Tapera Participações, apontada como destinatária dos R$ 2 milhões da JBS ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Outra empresa mencionada é a Limeira Agropecuária, dona de um helicóptero apreendido com 445 kg de cocaína, em 2013.

O Coaf é um órgão ligado ao Ministério da Fazenda responsável por comunicar atividades financeiras que levantam suspeitas sobre lavagem de dinheiro aos órgãos de investigação. Saques e depósitos de mais de R$ 100 mil em espécie são sempre comunicados ao Conselho, mesmo que não levantem indícios de crimes.

No âmbito da Operação Patmos – que mira o presidente Michel Temer, seu ex-assessor Rocha Loures, flagrado com mala estufada de propinas da JBS, e o senador Aécio Neves (PSDB/MG) – o Ministério Público Federal tem em mãos um relatório do Conselho que detalhou as atividades de empresas ligadas a Perrella.

O senador não é investigado, porém, uma de suas empresas, a Tapera Participações, é apontada por procuradores como receptora de parte dos R$ 2 milhões supostamente solicitados em abril por Aécio à JBS, segundo mostra gravação feita pelo acionista do grupo, Joesley Batista.

O relatório do Coaf apontou que somente a Tapera Participações movimentou R$ 6,4 milhões em espécie, entre 2014 e 2017. A maior parte dos valores foi sacada, provisionada ou depositada por Mendherson Souza, ex-assessor de Perrella, preso na Patmos.

Em ação controlada no dia 12 de abril, a Polícia Federal filmou o primo de Aécio, Frederico Pacheco, o Fred, pegando a mala de dinheiro com 10 mil notas de R$ 50 na sede da JBS, em São Paulo, entregue pelo diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. Em seguida, o primo do tucano é flagrado entregando o montante a Mendherson, à época, assessor parlamentar e homem de confiança de Zezé Perrella.

Em seguida, Mendherson viajou a Belo Horizonte de táxi. De acordo com o Ministério Público Federal, o dinheiro em espécie foi parar na Tapera. Relatórios de buscas e apreensões também dão conta de que R$ 480 mil foram escondidos por Mendherson na casa de sua sogra, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte.

De acordo com os relatórios do Coaf, logo após ter recebido o dinheiro em espécie de Fred, Mendherson fez um pedido de ‘provisionamento’ para saque de R$ 103 mil na conta da Tapera Participações, no período entre a data e o dia seguinte do repasse que recebeu de Fred. O filho de Zezé Perrella, segundo o órgão, sacou aproximadamente a mesma quantia, em dinheiro vivo.

Outra empresa relacionada em documento do Coaf é a Limeira Agropecuária, proprietária do helicóptero apreendido em 2013, com R$ 445 kg de cocaína. A Limeira está em nome de Gustavo Perrella, o filho de Zezé.

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