Espanha prende 8 líderes separatistas

Os oito líderes separatistas presos ontem faziam parte do governo catalão destituído por Madri, incluindo o ex-vice-governador Oriol Junqueras. Eles são acusados de praticar crimes de rebelião e de desvio de verbas. Hoje deve ser formalizada a ordem de prisão também do ex-governador da Catalunha Carles Puigdemont, que está na Bélgica e pode ser extraditado. Eles podem pegar até 30 anos.

Oito líderes separatistas que integravam o governo catalão destituído por Madri foram presos ontem após solicitação do Ministério Público espanhol, sob acusação de praticar os crimes de rebelião e desvio de verbas públicas. O pedido de detenção contra o governador deposto da Catalunha, Carles Puigdemont, deve ser formalizado hoje, de acordo com o jornal ‘El Periódico’. Segundo o advogado do líder, a ordem já teria sido emitida.

Inicialmente, o pedido do MP contra o ex-governador resultou apenas na prisão dos outros oito secessionistas, incluindo Oriol Junqueras, vice-governador deposto e atual líder das pesquisas eleitorais. Mais tarde, porém, uma juíza aceitou também o pedido contra Puigdemont, segundo o advogado Paul Bekaert, contratado pelo líder separatista na Bélgica. As informações são de O Estado de São Paulo.

“Acabo de receber uma mensagem do meu cliente de que efetivamente foi emitida uma ordem contra o presidente (catalão) e outros quatro ministros que estão na Bélgica”, disse Bekaert à emissora VRT. “Em termos práticos, significa que a Justiça apresentará a solicitação de extradição aos promotores federais em Bruxelas”, completou, garantindo que Puigdemont apelará de uma eventual ordem para ser enviado à Espanha.

Horas antes, o governador de- posto usou o Twitter para comentar a prisão de seus companheiros. “O governo legítimo da Catalunha encarcerado por suas ideias e por ter sido leal ao mandato do Parlamento local”, escreveu. Ele também exigiu pela TV catalã a libertação dos políticos, apresentando-se como “governador legítimo”.

Se forem condenados, os acusados podem enfrentar até 30 anos de prisão. Puigdemont continua refugiado em Bruxelas, onde está desde o final de semana. Ele não compareceu à audiência do MP e não prestará depoimento à Alta Corte de Justiça da Espanha, em Madri, on- de 14 membros de seu governo são esperados até amanhã. Quatro outros políticos já anunciaram que não comparecerão.

Os membros do gabinete presos foram enviados para Estremera (seis homens) e Alcalá Meco (duas mulheres). Antes de ser detido, Junqueras convocou os independentistas a “derrotar o mal nas urnas em 21 de dezembro”.

“O denunciado Carles Puigdemont Casamajo manifestou publicamente sua intenção de não comparecer e solicitou fazer declaração por videoconferência, sem oferecer dado algum sobre seu paradeiro”, argu- mentaram os procuradores. “Solicita-se assim ao juizado que ordene a busca e captura e a detenção em âmbito nacional e internacional.” Tão logo a decisão foi anunciada, o MP Federal da Bélgica respondeu que assim que for notificado cumprirá a ordem europeia de detenção contra Puigdemont.

Bekaert, célebre na Espanha por ter defendido membros do grupo terrorista independentista basco ETA, chegou a oferecer um depoimento por teleconferência, mas argumentou que não haveria “clima político” para o retorno do líder secessionista ao país.

Se for detido, Puigdemont não poderá ser candidato de seu partido às eleições regionais, convocadas por antecipação pelo premiê Mariano Rajoy. A Justiça da Espanha ampliou sua ofensiva envolvendo também a presidente do Parlamento catalão, Carme Forcadell, e cinco deputados da mesa diretora do Legislativo.

A agressividade dos procuradores contra os líderes do movimento independentista provocou uma reação imediata em Barcelona. No final da manhã, milhares de pessoas se reuniram na Praça Sant Jaume, em frente ao Parlamento e à sede do Executivo, para protestar contra a Justiça da Espanha, que não consideram legítima.

“Isso não é justiça, é uma injustiça total, e por isso estou aqui. Não são juízes de direito, mas juízes políticos. Temos esperança de que ao final a Europa se dará conta do problema e intervirá”, afirmou o aposentado Joan S., 70 anos, que portava uma bandeira “estrelada”, símbolo dos independentistas. Sua luta é para que, com uma eventual vitória em dezembro, os independentistas consigam negociar a realização de um plebiscito legal sobre a separação.

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