Ex-assessor devolvia salário para os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima

srgt

O ex-assessor do deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) Job Ribeiro Brandão enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação na qual disse que devolvia até 80% do salário dele ao parlamentar e ao irmão de Lúcio, o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Job Ribeiro teve as digitais encontradas em parte dos R$ 51 milhões apreendidos pela Polícia Federal (PF) em um apartamento em Salvador (BA). A PF investiga se o dinheiro pertencia a Geddel, que também teve as digitais encontradas em cédulas.

Job Ribeiro chegou a ser preso e agora cumpre prisão domiciliar por determinação do ministro do STF Luiz Edson Fachin, que mandou soltar o assessor sob a condição de que ele pagasse cem salários mínimos, o equivalente a R$ 93,7 mil.

A defesa, no entanto, recorreu, alegando que ele não tinha esse dinheiro e pedindo uma fiança “justa e proporcional”. Fachin, então, reduziu a fiança pela metade, obrigando Job Ribeiro a pagar 50 salários mínimos, o equivalente a R$ 46,8 mil.

Mas, ao enviar parecer sobre o pedido, a procuradora geral da República, Raquel Dodge, disse estranhar o patrimônio declarado por Job Ribeiro.

O advogado do ex-assessor, Marcelo Ferreira, então, disse que também estranhou a discrepância e questionou o cliente. Isso porque, segundo o processo, Job Ribeiro recebia salário de R$ 14.334,28, mas declarou ter patrimônio de R$ 31.100,59.

Desta forma, Job Ribeiro alegou que não conseguiria pagar a fiança, mesmo após a redução do valor para 50 salários mínimos. “Ele contou a história dos pais, que tem uma vida humilde. Foi então que a irmã dele disse que ele devolvia o dinheiro. Ia até o caixa eletrônico, retirava o salário e dava de volta”, afirmou a defesa.

O advogado disse, também, que Job Ribeiro recebia, efetivamente, R$ 3.780 e devolvia o restante a Geddel e a Lúcio. “Ele até ficou com medo, achando que poderiam pensar que ele escondeu patrimônio, mas não. Ele foi vítima dessa situação ilegal, antiética e imoral”, afirmou Marcelo Ferreira.

A defesa pediu ao Supremo que reconsidere a decisão e diminua a fiança de 50 para dez salários mínimos. “A situação do investigado é excepcional, está fora do ‘senso comum’, e não se amolda às ‘máximas de experiência’. Por todas essas razões, a análise da possibilidade de isenção da fiança ou, ao menos, a revisão do seu valor é medida imperiosa”, diz a defesa, citando também que a exoneração da Câmara “agravou ainda mais a situação financeira do investigado”.

Por decisão de Fachin, Job Ribeiro está em prisão domiciliar desde 18 de outubro, mas, se não pagar o valor, irá para a prisão preventiva. Job Ribeiro trabalhou por duas décadas para a família Vieira Lima e foi exonerado do cargo de secretário parlamentar do deputado Lúcio Vieira (PMDB-BA) no dia 25 de outubro.

O ex-ministro e o deputado são investigados pelo crime de lavagem de dinheiro. A defesa dos irmãos disse que não comentaria o assunto.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.