Exclusivo: Vamos derrubar dívida pública em 2021 com privatizações, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse à CNN nesta quarta-feira (11) que sua declaração de que o Brasil pode “ir para uma hiperinflação muito rápido se não rolar a dívida pública satisfatoriamente” foi apenas um “alerta” para tentar destravar as privatizações no Brasil e, assim, usar os recursos obtidos com a venda de estatais para reduzir essa dívida.

“É um alerta para agirmos na pauta das privatizações. Derrubamos a relação dívida-PIB no primeiro ano de governo. A Covid-19 empurrou a relação para cima neste ano. Vamos derrubar a relação dívida-PIB em 2021. Para isso, vamos acelerar o programa de privatizações”, disse o chefe da equipe econômica à coluna.

De 2018 para 2019, a dívida bruta do governo brasileiro foi de 76,5% para 75,8% do PIB, a primeira queda registrada em seis anos. Em setembro deste ano, porém, essa dívida já alcançou 90,6% do Produto Interno Bruto brasileiro, e economistas já preveem que esse percentual deverá chegar a 100% muito em breve.

Guedes tem prometido privatizar quatro estatais até dezembro de 2021: a Eletrobras, os Correios, PPSA (Pré-sal Petróleo) e o Porto de Santos. Questionado sobre quanto essas privatizações poderiam abater da dívida pública, Guedes afirmou que o tema deveria ser tratado com o secretário especial de Desestatização, Diogo Mac Cord.

Bola de neve

O ministro ressaltou que, com o alerta, tenta afastar o risco da chamada “dominância fiscal” e consequente “endividamento em bola de neve”. A dominância fiscal ocorre quando o Estado não consegue gerar receita por meio da arrecadação de tributos suficientemente para financiar seus gastos e, por isso, emite papel moeda, aumentando sua dívida, o que pressiona juros e inflação.

“Queremos afastar o risco de dominância fiscal e endividamento em bola de neve que já encurralaram a rolagem de dívida e nos empurraram para hiperinflação no passado”, disse Guedes, ressaltando que é preciso “desmontar a armadilha”. Ele ponderou, contudo, que não há riscos de rolagem da dívida “no momento”, pois “estamos preparados”.

O chefe da equipe econômica ressaltou que suas declarações foram “considerações estruturais” em um seminário sobre privatizações organizado pela Corregedoria-Geral da União (CGU). E negou intenção de crítica ao Banco Central, instituição que tem entre suas atribuições manter a inflação dentro da meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional.

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