Fátima Bezerra é vaiada por policiais que protestam contra projeto de reestruturação apresentado pelo Governo

A manhã desta sexta-feira (25) foi de protesto na sede da Delegacia Geral de Polícia, em Natal. No aniversário da Polícia Civil, em evento organizado pela Degepol, os policiais civis organizaram uma manifestação contra a proposta apresentada pelo Governo do Estado para o plano de reestruturação de carreiras da categoria. Presente à comemoração, a governadora Fátima Bezerra foi alvo de vaias. Os policiais fizeram um enterro simbólico da Polícia Civil.

Na manifestação, centenas de policiais participaram do simbólico ‘cortejo fúnebre’, com um caixão que simbolizava a instituição. Ao chegar, os policiais vaiaram a governadora, que conversou com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Rio Grande do Norte (Sinpol), Nilton Arruda, e programou um encontro para discutir a situação às 15h desta sexta-feira, no Gabinete Civil. A governadora, no entanto, não confirmou se participará da reunião.

Para os policiais, a proposta de reestruturação da carreira prejudica a categoria financeiramente e modifica as progressões na carreira. Segundo o Sinpol, a proposta apresentada pelo Governo implica, na prática, em uma redução salarial para a maior parte da categoria, que está no nível intermediário da carreira policial. A proposta do Governo acrescenta um ano no plano de carreira dos policiais civis, que passariam a ter que trabalhar 21 anos para atingir a classe mais alta da carreira, que passaria a ter 7 classes ao invés de 4, com progressão de 3 anos de uma para outra, ao invés dos 5 anos atuais. De acordo com o documento, parte dos policiais que se encontram na 1ª e 3ª classe teriam uma redução em relação ao valor atual, enquanto outras receberiam um aumento.

Hoje, os policiais de 2ª classe são aqueles que possuem de 5 a 10 anos de serviço, e recebem R$ 4.731,91. Na proposta apresentada pelo Governo, eles passariam a integrar a 1ª classe, que passaria a englobar os policiais que possuem entre 3 e 6 anos de serviço, esse valor iria para R$ 4.318,80, 8,7% a menos.

Outra classe que passaria por uma redução seria a dos policiais que possuem de 10 a 15 anos de serviço. Hoje, os policiais de nível 3 recebem R$ 5.962,20. No novo modelo, esse grupo, que de acordo com o Sinpol corresponde à maior parte dos policiais na ativa no estado atualmente, passaria a receber R$ 5.711,61, uma redução de 4,2%.
Centenas de policiais participaram do ato

Centenas de policiais participaram do ato

Nos níveis mais elevados da carreira, no entanto, os policiais receberiam um aumento salarial. Aqueles com mais de 20 anos de serviço, que hoje recebem R$ 9.465,59, passariam a ganhar R$ 9.989,64. De acordo com Nilton Arruda, presidente do Sinpol, um possível aumento para as classes mais elevadas não compensaria o impacto da redução. “Não consideramos isso uma proposta, consideramos uma ofensa. Poderia afetar até dois terços dos policiais civis que estão na ativa.”, afirma.

A proposta foi apresentada aos representantes sindicais na tarde da última quinta-feira (24), em uma reunião no Gabinete Civil. O resultado da reunião, assim como as planilhas demonstrativas de como seria o novo plano de carreiras foi apresentada em assembleia para os policiais e escrivães na sede do Sinpol em uma assembleia, que aconteceu durante a tarde.

Muitos dos presentes demonstraram indignação e descontentamento com a proposta do Governo, e o presidente do Sindicato afirma que outra assembleia, onde um indicativo de paralisação da categoria deve ser votado, vai acontecer após o ato na Degepol nessa sexta-feira. Na manifestação, os policiais e escrivães pretendem entregar, de forma simbólica, seus distintivos em protesto à proposta apresentada pelo Governo.

Outra reunião entre Gabinete Civil e representantes dos policiais está marcada para acontecer na tarde dessa sexta-feira. Questionado sobre a proposta apresentada, o Gabinete Civil do Estado afirmou, por meio da assessoria de imprensa, que “uma proposta, que não era de redução salarial, foi apresentada pelo Governo ao Sindicato, que rejeitou a proposta”.

*Tribuna do Norte

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