Favorita à presidência do PT, Gleisi Hoffmann diz que partido não fará autocrítica

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Candidata do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à presidência do PT, a senadora Gleisi Hoffmann (PR) afirmou, neste sábado, que o partido não fará autocrítica porque não quer fortalecer o discurso de seus adversários. Reunido em seu 6º Congresso, o PT era cobrado, inclusive por setores à esquerda do partido, a reconhecer supostos erros, como o envolvimento em escândalos de corrupção e alianças com partidos como o PMDB.

— Não somos organização religiosa, não fazemos profissão de culpa, tampouco nos açoitamos. Não vamos ficar enumerando os erros que achamos para que a burguesia e a direita explorem nossa imagem — disse Gleisi, ao discursar no congresso petista.

A senadora, que é líder do PT no Senado, reconheceu, no entanto, que o partido se afastou dos movimentos sociais enquanto comandou o governo federal:

— É certo que ficamos com relação mais institucional do que política.

Em campanha para a presidência do PT, Gleisi ressaltou êxitos dos governos petistas, como distribuição de renda e geração de empregos:

— Não tiveram na história de 500 anos do Brasil governos melhores do que os do PT. Não foi João Goulart, não foi Getúlio Vargas. Temos que erguer nossa cabeça para defender nosso legado e nosso governo.

Ela defendeu bandeiras históricas petistas, como taxação de grandes fortunas e regulação dos meios de comunicação. Para a senadora, um dos desafios da nova direção do PT é nacionalizar o partido, tradicionalmente concentrado em São Paulo. Gleisi também defendeu a candidatura de Lula à Presidência da República e eleições diretas em caso de afastamento do presidente Michel Temer.

Ré na Lava-Jato, Gleisi é acusada de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção na Petrobras para sua campanha em 2010. Ela e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, respondem por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas negam as acusações.

Gleisi enfrenta o senador Lindbergh Farias (RJ) na disputa pela presidência do partido. Candidato pela corrente Muda PT, Lindbergh adotou o discurso da radicalização. Em sua fala final, para pedir os votos dos filiados, o senador afirmou que o partido precisa se preparar para o “enfrentamento”. Ele defendeu que a militância seja fortalecida para “barrar o avanço” do neoliberalismo e da burguesia.

Lindbergh criticou o “afastamento” da atual direção partidária da “realidade”, ao permitir que houvesse apoio a candidaturas de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara e Eunício Oliveira (PMDB-CE) para a presidência do Senado.

— Precisamos de um partido preparado para o enfrentamento. Houve um distanciamento da nossa direção da realidade, parecia que não tinha havido um golpe, alguém pensar em apoiar Rodrigo Maia, Eunício Oliveira. Ali eu vi que a gente tinha que dar uma sacudida na burocracia, e encorajar a militância. Petista não vota em golpista — discursou, sendo aplaudido por grande parte da plateia.

O senador pregou a candidatura de Lula e afirmou que o partido tem que defender Lula contra as denúncias que recaem sobre ele. O ex-presidente é réu em cinco ações penais. Hoje o Ministério Público pediu a condenação de Lula.

— O que fazem com Lula é a campanha mais infame que já fizeram. Lula não está acima da lei, mas não está abaixo da lei. Temos que fazer uma defesa incansável dele. Um ataque a Lula é um ataque ao trabalhador brasileiro. Ele é a única possibilidade que o Brasil tem de deter o avanço neoliberal — afirmou.

Para integrantes da CNB, Gleisi errou ao viajar em busca de votos ao lado de Lindbergh, confiando que ele retiraria a candidatura mais à frente. Com isso, a candidatura do senador acabou crescendo no partido. Gleisi intensificou suas articulações e conseguiu, horas antes da votação, contar com a apoio das correntes Movimento PT e Optei, garantindo a ela uma margem segura.

Ainda de acordo com integrantes da CNB, Gleisi chegou a se arrepender de ter aceitado o pedido de Lula para concorrer à presidência do partido.

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