Com a expectativa de movimentar mais de R$ 2,5 milhões em 2024, a Feira do Milho vive um momento de aquecimento durante os dias que antecedem as festas de São João. Em Natal, os consumidores encontram dois pontos: o Mercado da Agricultura Familiar, na Rua Jaguarari com a Avenida Capitão Mor Gouveia, e na Feira do Milho, instalada temporariamente às margens da BR-101, no Centro Administrativo, próximo à Arena das Dunas. No entanto, o que deveria ser uma oportunidade de fortaler as vendas, se tornou uma disputa entre os comerciantes.
A Feira do Milho, que reúne produtores da agricultura familiar é tradicional há mais de 25 anos, e desde 2023 está em novo local. A mudança aconteceu por intermédio da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf) sob alegação de disponibilizar um espaço mais amplo, área de estacionamento extensa, fácil acesso, já que o Mercado recebia um elevado fluxo de caminhões, com reflexo direto no trânsito da área.
De acordo com os feirantes, a promessa, este ano, era de que as vendas seriam concentradas na feira, porém não vem sendo cumprida e os produtores alocados nas proximidades da BR-101 relatam prejuízo. Alguns comerciantes esperam vendas abaixo do comercializado em 2023.
Lorena Claudino, de 32 anos, é responsável por uma das barracas na Feira do Milho. Em 2023, quando todas as vendas estavam concentradas no local, ela chegou a comercializar 500 mil espigas, mesmo situada na última tenda do local. Com a divisão e a baixa procura, a expectativa dela baixou para 50 mil. “No Mercado existe um atrativo, é organizado. Os produtores se reuniam e colocavam banca, enquanto aqui precisamos conviver com a lama”, relata. Com as chuvas constantes, o terreno de terra fica alagado.
Edmilson Graciane, de 43 anos, também descreve os mesmos problemas. Na tenda, administrada ao lado da esposa e das duas filhas, a ‘mão do milho’ (50 unidades), custa entre R$35,00 a R$40,00.
A reportagem esteve presente na Feira do Milho na tarde desta quarta-feira (19). Durante uma hora, apenas três consumidores apareceram no local, e foram imediatamente abordados por, pelo menos, seis dos oito produtores que estavam no local, na disputa pela venda. Já no Mercado da Agricultura Familiar, existia o dobro de consumidores na barraca de apenas um produtor.
Marciano da Silva, de 37 anos, é um dos permissionários do Mercado da Agricultura Familiar. De acordo com ele, o movimento ainda é baixo comparado a outros anos, mas tem otimismo e espera um aumento até o São João. “Até o fim do mês de junho, a expectativa é vender mais de 500 mil espigas de milho”, estima. Adonias Felipe, 49, também é permissionário do local e prevê um aquecimento na procura por milho de quinta a sábado. Ele deve vender 60 mil espigas até o São João.
Procurada para esclarecer sobre a divisão de vendas, a Sedraf informou que o prédio central do Mercado da Agricultura Familiar pertence ao Governo do Estado, mas a gestão é da União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), “de maneira que não é possível impedir a prática”.
A pasta esclareceu que a Feira do Milho não tem realização do Governo, mas entra com um investimento de R$65 mil em apoio à infraestrutura do local.