Gilmar Mendes se diz “convencido” de que foi gravado por Joesley

SAO PAULO, SP, BRASIL, 21-08-2017 11h00: Gilmar Mendes, Ministro do STF e Presidente do TSE, durante o forum 'A reforma politica em debate' realizado pelo jornal O Estado de Sao Paulo e o Centro de Lideranca Publica (CLP). (Foto: Ze Carlos Barretta/Folhapress PODER)

Gilmar Mendes diz que, sabendo agora que os delatores pretendiam atingir o tribunal, acredita que o encontro, ocorrido em pleno processo de negociação da colaboração premiada, foi gravado por Joesley

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), diz estar “convencido” de que foi gravado pelo empresário Joesley Batista, da JBS.

O empresário Joesley Batista, dono da JBS, disse que a J&F patrocinou vários eventos e palestras do IDP (Instituto de Direito Público), do ministro Gilmar Mendes. Conforme antecipou a Folha em maio, a J&F pagou R$ 2,1 milhões ao IDP.

Gilmar recebeu o empresário em Brasília em 1º de abril, um sábado, na sede do IDP, escola de direito da qual o ministro é sócio. O encontro, solicitado pela JBS, ocorreu três semanas após Joesley Batista ter gravado secretamente o presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu.

Àquela altura, Joesley já se preparava para acertar um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República.

Em uma gravação inédita, cujo teor veio a público na semana passada, o dono da JBS e Ricardo Saud, um de seus principais executivos, tratam da possibilidade de incluir na delação informações sobre ministros do STF – eles falam em “dissolver o Supremo”.

Gilmar Mendes diz que, sabendo agora que os delatores pretendiam atingir o tribunal, acredita que o encontro, ocorrido em pleno processo de negociação da colaboração premiada, foi gravado por Joesley.

“Hoje eu estou convencido de que sim. Eu acho que ele gravou a conversa. Porque a insistência [para marcar o encontro] foi tanta… Nessas conversas eles falam que queriam destruir o Supremo, né!?”, diz o ministro.

“Mas a conversa correu normal. Foi uma conversa absolutamente normal. Eu não tenho a menor preocupação com isso”, emenda.

O encontro foi agendado por meio de Dalide Corrêa, então braço-direito do ministro no IDP. Ela costumava negociar patrocínios – inclusive da JBS – a eventos da escola de direito.

Segundo Gilmar Mendes, na reunião ele e Joesley se limitaram a discutir um processo de interesse do setor do agronegócio que seria julgado dias depois pelo plenário do STF – o ministro lembra que votou contra os interesses da empresa.

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