Governador dá aval a lei que torna igreja evangélica patrimônio

O governador Márcio França (PSB) durante reunião no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo

Na tentativa de fortalecer sua corrida ao Palácio dos Bandeirantes, o governador de São Paulo, Márcio França (PSB), fez um aceno ao eleitorado evangélico.

Na última quinta-feira (7), ele sancionou projetos de lei que tornam duas alas da igreja Assembleia de Deus patrimônio cultural, histórico e turístico do Estado de São Paulo: o Ministério de Madureira, de autoria do deputado Cezinha de Madureira (PSD), e o Ministério de Belém, da deputada Marta Costa (PSD).

As duas propostas tramitavam na Assembleia Legislativa desde o ano passado. Cezinha argumentava que o Ministério de Madureira “se traduz em morada de fé para milhões de fiéis” e Costa afirmava que o Ministério de Belém sempre trabalhou “em favor do povo e da cidadania”.

Para além do simbolismo, no entanto, são escassos os efeitos práticos da lei. Em nota, o Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo) afirma que a inscrição de uma entidade no patrimônio cultural “constitui apenas uma homenagem, uma forma de reconhecimento”. Filipe Mauro – Folha de São Paulo

É em termos eleitorais que o cenário se altera. Segundo dados do IBGE, a Assembleia de Deus é a principal igreja evangélica do país, com mais de 12 milhões de fiéis –fatia relevante de votos para França, que conta com apenas 3% das intenções de voto segundo a mais recente pesquisa do Ibope, em empate técnico com Luiz Marinho, pré-candidato do PT.

O deputado estadual Caio França (PSB), filho do governador e uma das lideranças de sua pré-campanha, nega que haja algo de “sistemático ou específico” no relacionamento de seu pai com representantes neopentecostais.

“São apenas valores morais e cristãos comuns que nos unem”, afirma.

Essa não é a primeira aproximação de França com o eleitorado evangélico.

No último dia 31 de maio, ao participar da Marcha para Jesus, em São Paulo, o governador indicou “muita fé” como remédio para a segurança pública e afirmou que “não adianta colocar polícia, vigiar, se Deus não estiver no controle”.

Na mesma ocasião, líderes da igreja Renascer pediram que França se ajoelhasse enquanto fiéis oravam pelo sucesso de seus próximos meses de governo.

Outra ambição de França é atrair uma fatia do partido dos deputados Cezinha de Madureira e Marta Costa. O PSD conta com quatro deputados estaduais.

A sigla, liderada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab, acertou no início de março o apoio ao ex-prefeito João Doria, em troca da vaga de vice em sua chapa.

Mas a expectativa da campanha do governador é driblar a direção nacional do partido e obter o apoio avulso de parlamentares. Segundo o deputado Caio França, “colegas podem até fazer parte do PSD, mas acabam preferindo seguir a orientação de suas próprias igrejas”.

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