Governo teme falta de quórum e pede que ministros cobrem parlamentares

Michel Temer

O Palácio do Planalto teme a falta de quórum, nesta curta semana do feriado de 7 de setembro, para aprovar projetos de seu interesse. Com esse receio e na expectativa de enfrentar uma segunda denúncia criminal nos próximos dias, o presidente Michel Temer (PMDB) pediu a ministros que cobrem presença de deputados e senadores aliados no Congresso.

Temer está na China e deve desembarcar no Brasil na quarta-feira (6). Convencido de que precisa “curar” as feridas em sua base de sustentação no Congresso, o presidente prometeu se reunir novamente com os líderes de partidos logo que retornar da viagem, na tentativa de resolver os problemas.

Para auxiliares de Temer, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentará uma nova acusação nos próximos dias e a estratégia do Planalto prevê forte reação política da base para desqualificar o chefe do Ministério Público. Falta, porém, combinar com os aliados, que exigem “compensações” como cargos em ministérios e secretarias para renovar o apoio a Temer.

Na Câmara haverá sessões a partir desta segunda-feira, 4, para tentar votar a empacada reforma política no plenário. A pauta prevê o fim das coligações para as eleições proporcionais (deputados e vereadores), além da criação de uma cláusula de desempenho para que os partidos tenham acesso a recursos do Fundo Partidário e ao horário gratuito de rádio e TV. As informações são da Agência Estado.

As divergências são tantas, porém, que muitos já descartam aprovar qualquer mudança no sistema eleitoral com validade para as eleições de 2018. “Ninguém quer ceder”, constatou o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), presidente da comissão que discute a reforma política na Câmara. “Se continuar assim e ficar todo mundo disputando o que é melhor para si, será pior para todos. Quando dois carros estão vindo na mesma direção e ninguém desvia, já se sabe o que acontece.”

Além de assistir ao impasse na reforma política, o governo enfrenta problemas e rebeliões para aprovar medidas econômicas. O fim da votação sobre a meta de déficit fiscal, por exemplo, está previsto para a noite de terça-feira, em sessão conjunta da Câmara e do Senado, se houver parlamentares no plenário. O Planalto sofreu uma derrota na madrugada de quinta-feira, quando deputados e senadores não concluíram a análise do projeto por falta de quórum, o que demonstrou desarticulação na base. O governo queria enviar a proposta orçamentária ao Congresso já com a meta revisada de R$159 bilhões, mas foi obrigado a mandar o projeto com valores defasados.

A prioridade da equipe econômica, agora, é a aprovação da Taxa de Longo Prazo (TLP), marcada para terça-feira, no Senado. A Medida Provisória (MP) que cria a TLP, nova taxa de juros para empréstimos do BNDES, corre o risco de caducar se não for votada até o próximo dia 6. “Isso é um escândalo, que só vai aumentar a recessão”, protestou o senador Lindbergh Farias (PT-RJ). O petista, porém, não é voz isolada, já que até na base aliada há discordâncias sobre a proposta. O senador José Serra (PSDB-SP) chegou a argumentar, recentemente, que o impacto orçamentário da nova taxa não está descrito no texto da medida provisória, irritando a equipe econômica.

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