Guerra judicial com denúncias de corrupção, roubo e assédio moral agita os bastidores da CAERN

*Por Gilberto de Sousa

O atual comando da Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte(CAERN) decidiu reagir a denúncias, feitas inicialmente através de redes sociais, pelo ex-diretor da Companhia, na região Oeste, com sede em Mossoró, João Maria Sousa. Ele apontou a existência de supostos desmandos nas entranhas da empresa que teriam sido praticados por pessoas que assumiram cargos de confiança, e chamou a atenção do Ministério Público e da Polícia Federal para que essas pessoas sejam investigadas por roubo e corrupção, sugerindo inclusive uma realização de uma auditoria.

Através de um áudio que o portal GAZETA DO OESTE teve acesso, atribuído ao diretor-presidente da CAERN, Roberto Sérgio Linhares, durante uma reunião em que estimula a reação dos servidores da empresa atingidos pelas denúncias, ele afirma que não se deve abrir mão da defesa da Caern e que as ações de empregados ou de qualquer um que tente prejudicar sua imagem sofrerão consequências em todas as esferas do Direito.

“Pessoal, em nome da seriedade em nome da honra, em nome da vergonha na cara de cada empregado da CAERN, esse cara precisa ser jogado fora dos quadros da Companhia. O comitê de ética precisa agir. Já tem quanto tempo que esse processo está rolando? A gente vai entrar com as ações. E eu vou agir pessoalmente para ele responder por isso”, diz Sérgio.

“Se ele tem provas do que ele está dizendo, ele apresente as provas, porque ele vai ser chamado pra isso. E ele vai ser responsabilizado civil e criminalmente, isso eu garanto a vocês” assegura Roberto Linhares, dizendo que essa reação deveria ter acontecido antes. “Agora era para vocês terem feito isso lá atrás, quando ele fez isso pela primeira vez. E tem um processo rolando no comitê de ética tem anos, eu acho. E ninguém resolveu nada. Aí depois fica todo muno assustado com um negócio desses, né?”

E reafirma: “ Pois eu quero que se cara seja processado civil e criminalmente. E eu quare ir falar com os juízes do processo, pra ele chamá-lo pra provar o que ele está dizendo. Se ele não comprovar, ele vai ser processado, vai pagar dano moral, e outra coisa: o processo administrativo, isso fere o contrato de trabalho sim, fere o dever de diligência, ele não pode estar expondo o nome da empresa dessa forma”.

Na oportunidade, ele atualiza a situação, informando que uma ação criminal já terá sido protocolada, assim como ação cível de reparação de danos, processos administrativos instaurados com prioridade na apuração, notificação extrajudicial enviada para ele, com recebimento já confirmado, pedindo esclarecimentos/provas do alegado e notícia de fato enviada ao Ministério Público pedindo que urgencie a convocação dele para esclarecimento/prova das alegações.

Briga jurídica e assédio

Enquanto isso, o ex-diretor João Maria, em contraponto ao processo que tenta lhe tirar dos quadros da empresa, ao reafirmar que dispõe de provas e que se arma para apresentá-las no momento certo, entrou agora na Justiça com uma ação de assédio moral contra os acusados.

Ele garantiu que não vai ceder as pressões, até porque, pelas normas internas, se houver prejuízo da Companhia por conta de algum diretor, eles são igualmente penalizados com pagamento de indenizações.

Ex-diretor reafirma denúncias e garante que tem provas e vai apresentá-las
Ao afirmar que conhece desmandos que teriam sido praticados por pessoas que assumiram cargos de confiança na empresa, João Maria ressaltou que, na denúncia, feita em forma de desabafo, foi na ocasião em que justificou que sempre foi contra a privatização da Companhia até ter acesso a forma como o dinheiro vinha sendo sangrado dos cofres públicos e enriquecendo diretores e gerentes.

“Sou empregado da Caern há quase dez anos e sempre, durante esse período, tivemos debates sobre a privatização da Companhia. Por conta das dificuldades que outros municípios iriam passar, a maior parte das cidades do estado, é que sempre fui contra tal medida”, enfatizou.

No entanto, acrescentou que mudou de idéia: “Depois que conheci os desmandos com o dinheiro da empresa por parte de alguns empregados, é que vejo a privatização como única e eficiente solução para melhorar os serviços e, ainda, acabar com a sangria que uma parte dos empregados causa, são poucos, mas já causam um grande estrago”, afirmou.

João Maria Sousa sugeriu, ainda, que o Tribunal de Contas do Estado, o Ministério Público e a Polícia Federal devam se unir urgentemente para investigar os que roubam e jogá-los atrás das grades. “Um passo simples seria solicitar o patrimônio dos que já assumiram algum cargo de confiança, principalmente os diretores e gerentes. A investigação irá comprovar uma abissal diferença entre o que eles (ou elas) ganham e o que eles (ou elas) têm atualmente”, assegurou.

Outra forma ágil de pegar os criminosos, segundo ele, é auditando as grandes obras.

“Uma auditoria na implantação da rede nova de abastecimento de Mossoró, por exemplo, “assentada” desde 2010, vai pegar muita coisa errada e muita ação dita “finalizada” na teoria, mas que não existe efetivada na prática. São alguns dos muitos exemplos de corrupção que temos na Caern. Torcer para que as autoridades de fiscalização e policiais possam abrir os olhos para tais desmandos e penalizar todos os culpados”, disse.

“ Estou à disposição para quaisquer esclarecimentos. Meu domicílio é conhecido pelos órgãos oficiais. Todo ano declaro, devidamente, meu imposto de renda”, completou.

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