Hoje rompidos, Maia e Cunha foram parceiros na oposição a Dilma

BRASILIA, DF, BRASIL, 09-07-2015, 12h00: Sessão plenária na Câmara dos deputados, sob a presidência do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), durante votação da reforma política. O relator da matéria deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) segue conversando e negociando com líderes e a assessoria para fechar detalhes do texto. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)

Preso há nove meses em Curitiba em decorrência das investigações da Operação Lava Jato, o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) coleciona muitos desafetos. Entre eles Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara e o nome que ocupará a cadeira de Michel Temer caso o peemedebista seja afastado do cargo.

Mas essa não foi a realidade entre os dois políticos do Rio de Janeiro nos 16 meses decorridos entre a eleição de Cunha para o comando da Câmara, em fevereiro de 2015, e o início da gestão Temer, em maio do ano seguinte. Pelo contrário, os dois protagonizaram uma sólida parceria política, coroada pelo objetivo comum de combate ao governo Dilma Rousseff.

A dobradinha pode ser simbolizada em dois episódios, ambos quando Cunha, ainda presidindo a Câmara, já era acossado pela Lava Jato e pela ameaça de cassação.

“Deputado André Moura, 231. Somos 231”, disse Maia no microfone do plenário da Câmara em 11 de novembro de 2015, ocasião em que foi lido um manifesto de desagravo ao peemedebista. As informações são da Folha de São Paulo.

O documento levado à sessão por André Moura (PSC-SE), aliado de Cunha, reunia o apoio de 12 partidos que somavam 230 deputados. Mas não o do DEM, o que motivou a fala do hoje presidente da Câmara dos Deputados.

Cinco meses depois, Maia homenagearia Cunha ao declarar, também no plenário, seu voto a favor do impeachment de Dilma: “Senhor presidente, o senhor entra para a história hoje”.

Dezoito dias depois o peemedebista seria afastado do mandato por decisão do Supremo Tribunal Federal, para quem havia indícios fortes de que o deputado usava o cargo para crimes e para obstruir investigações.

A parceria política Cunha-Maia teve início no final de 2014, quando o deputado do DEM trabalhou para levar sua sigla a apoiar o nome do peemedebista à presidência da Câmara.

À época aliado incômodo de Dilma, Cunha derrotou o PT e deu início a uma gestão de confronto com o Palácio do Planalto.

Ao assumir, retribuiu Maia o retirando do relativo ostracismo dos anos de oposição e o indicando a tarefas como a presidência da comissão da reforma política.

Maia se tornou figura fácil das reuniões de Cunha. Foi o deputado do DEM, por exemplo, quem aproximou o presidente da Câmara e o jornalista Jorge Bastos Moreno (morto em junho), alvo de processos movidos pelo peemedebista.

Quando o DEM se dividiu sobre retirar o apoio a Cunha, Maia foi contra, embora não tenha apoiado a tentativa de derrubada do então líder da bancada demista, Mendonça Filho (PE), favorável ao rompimento.

DISTANCIAMENTO

A relação entre Maia e Cunha começou a ruir na montagem da comissão do impeachment de Dilma. O deputado do DEM queria ocupar um dos postos de comando, mas Cunha o vetou.

Depois, já no início da gestão Temer, o rompimento se deu quando Cunha escolheu outro aliado, André Moura, para ser o novo líder do governo na Câmara.

Com a queda de Cunha, Maia se lançou ao comando da Câmara e acabou vencendo por duas vezes nomes apoiados pelo grupo do peemedebista –Rogério Rosso (PSD-DF) em julho de 2016 e Jovair Arantes (PTB-GO) em fevereiro de 2017.

Já no comando da Câmara, Maia protelou por certo tempo a votação da cassação do mandato de Cunha, mas não atendeu a pedido do ex-aliado por um adiamento maior, o que aumentou a distância entre ambos.

À Folha o hoje presidente da Câmara afirmou que sua relação política com Cunha foi a “natural entre dois deputados que exerceram a liderança de seus partidos” e que tinham o objetivo comum de se opor ao PT e a Dilma.

“Jamais essa relação política extrapolou o campo da ação parlamentar. Esse era o limite para dois deputados que disputavam votos no mesmo Estado e nunca foram aliados eleitorais.”

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