Juiz diz que prisão é necessária para evitar que Geddel cometa outros crimes

O juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10 ª Vara Federal, afirma que a prisão preventiva do Geddel Vieira Lima é necessária para cortar os vínculos do ministro com a corrupção no governo federal, com as tentativas de calar testemunhas e, também, para impedir que despareça de vez com os R$ 20 milhões de suborno que teria recebido do operador Lúcio Bolonha Funaro só em uma das supostas fraudes com dinheiro da Caixa Econômica Federal. O ex-ministro, um dos mais próximos aliados do presidente Michel Temer, foi preso nesta segunda-feira na Bahia.

Segundo o juiz, até hoje os R$ 20 milhões da propina ainda não foram localizados. No despacho, o juiz cita um histórico de recentes crimes que Geddel vinha cometendo num desafio aberto às investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal sobre ele e outros supostos cúmplices, segundo informações de O Globo.

Na lista de motivos para a prisão de Geddel estão:

• a pressão que ele teria feito sobre Raquel Funaro, mulher de Funaro,

• a queda de braço com o ex-ministro Marcelo Calero, com quem protagonizou o primeiro escândalo do governo

• tratativas da liberação de um empréstimos de R$ 2,7 bilhões para J & F comprar a Alpargatas em 2015, quando já tinha deixado a Caixa.

A atuação de Geddel no caso foi revelada por Funaro em um dos depoimentos que prestou à Polícia Federal depois que decidiu colaborar com Justiça em busca de um acordo de delação premiada.

Ou seja, em data recente mesmo fora do cargo na CEF, Geddel Vieira Lima demonstrou poder de influenciar operações bancárias, estando presente a necessidade da prisão para assegurar a ordem pública”, sustenta Vallisney.

Geddel é ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias na Caixa. Pelas investigações, no período em que esteve no cargo, o ex-ministro se associou a Funaro, ao ex-deputado Eduardo Cunha e outros para facilitar a concessão de financiamentos para determinadas empresas em troca de propina. Só da JBS, do empresário Joesley Batista, ele teria recebido R$ 20 milhões. Funaro seria um dos intermediários do pagamento.

Segundo o juiz, a polícia ainda não descobriu onde estão os R$ 20 milhões do suborno, “havendo risco de serem escondidos/escamoteados”. Ao todo, o ex-ministro teria recebido R$ 29 milhões de Funaro. Ele teria “manipulado” financiamentos para a JBS, Grupo Constantino, Oeste Sul Empreendimentos Imobiliários S.A, Comporte Participações, Marfrig, Seara, J&F Investimentos, Bertin, Big Frango e Dinâmica Segurança Patrimonial.

Vallisney considerou “gravíssimas” as recentes ligações de Geddel para Raquel Funaro “com o intuito de verificar do ânimo do marido preso em firmar acordo de colaboração premiada”. A pressão foi relatada em dos depoimentos prestados por Funaro à Polícia Federal. Para comprovar o que estava dizendo, o operador entregou a polícia extratos e contas telefônicas e imagens de mensagens em que Raquel fala sobre a conversa com o ex-ministro.

“Em liberdade, Geddel Vieira Lima, pelas atitudes que vem tomando recentemente, pode dar continuidade a tentativas de influenciar testemunhas que irão depor na fase de inquérito da Operação Cui Bono, bem como contra pessoas próximas aos coinvetigados e réus presos Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Lúcio Bolonha Funaro”, afirma o juiz.

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