Pré-candidato à Presidência pelo MDB, o ex-ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, saiu preocupado de uma entrevista que concedeu, no fim da semana passada, à revista Istoé. Na ocasião, ele disse que, caso eleito para o Palácio do Planalto – mesmo tendo apenas 1% das intenções de voto, segundo pesquisas recentes – liberaria o uso da maconha.
– Acho que a maconha é uma questão de direito individual. Não devemos penalizar e criminalizar o consumidor, principalmente se for para uso medicinal. Maconha eu liberaria, mas dentro de algumas restrições, com controle rígido, como outros países fazem. Ainda mais depois que as pesquisas apontaram que não causa danos permanentes – afirmou o emedebista na última sexta-feira.
O temor do neo-emedebista era sobre o que pensaria o eleitorado evangélico, ao qual faz gestos de aproximações frequentes, e que representam hoje quase 30% da população brasileira. LETICIA FERNANDES – O Globo
Para desfazer qualquer mal entendido e “explicar” sua posição, Meirelles marcou encontros, em São Paulo e Brasília, com pastores evangélicos. Nas reuniões, fez questão de dizer que achava necessário encontrar uma solução para a descriminalização da maconha para não levar o consumidor às já superlotadas prisões brasileiras, mas que, pessoalmente, era contra o uso de drogas.
Segundo integrantes da campanha, os evangélicos entenderam o recado. Um auxiliar do ex-ministro citou inclusive como bem-sucedida a experiência implementada no Uruguai no ano passado, idealizada ainda no governo do ex-presidente José Mujica.
No país uruguaio, já são mais de 23 mil pessoas registradas para comprar a maconha produzida sob controle estatal e vendida em farmácias. Apenas uruguaios registrados podem comprar até 40 gramas por mês nas farmácias cadastradas.