Ministro do Trabalho demite ‘peladeiro’ e ‘171’ indicados pelo PTB

Leonardo Arantes (atrás, ao lado do goleiro) levou para o ministério os amigos Leonardo Soares e Lucas Honorato (à frente)

O novo ministro do Trabalho, Caio Vieira de Mello, demitiu nesta sexta-feira seis servidores de confiança apadrinhados pelos principais caciques do PTB: o presidente do partido, o ex-deputado Roberto Jefferson, e o líder da sigla na Câmara, deputado Jovair Arantes (GO).

Entre os demitidos estão um dos integrantes do time de futebol do sobrinho de Jovair e um funcionário réu por estelionato, crime popularmente conhecido por “171”. As histórias dos dois indicados foram reveladas pelo GLOBO.

Mello assumiu o ministério no último dia 10, depois da demissão do ministro Helton Yomura, afastado do cargo por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Yomura era apadrinhado por Jefferson. Padrinho e afilhado são investigados na Operação Registro Espúrio, que apura um suposto esquema de fraudes e pagamentos de propina na emissão de registros sindicais. O ex-secretário-executivo de Yomura, Leonardo Arantes, sobrinho de Jovair, está preso preventivamente também por decisão do STF. Ele e o tio são investigados na mesma operação. VINICIUS SASSINE – O Globo

O ministro do Trabalho decidiu demitir Leonardo Soares Oliveira, que ocupava cargo de confiança de chefe de gabinete da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego (SPPE). Ele recebia salário de R$ 9,9 mil. Leonardo Arantes, antes de ser preso, acumulava a SPPE e a secretaria-executiva do ministério. Levou para a pasta Leonardo Oliveira, companheiro de “pelada” em Goiânia. Os dois jogavam no mesmo time, o Curva de Rio.

Reportagem publicada pelo GLOBO em 13 de março revelou que integrantes do Curva de Rio foram nomeados em funções de confiança no Ministério do Trabalho e colocados em postos-chave da fiscalização de contratos suspeitos entre a pasta e a empresa de tecnologia B2T. Os colegas de futebol de Leonardo Arantes fiscalizavam os contratos cujos pagamentos eram destravados pelo garoto Mikael Tavares Medeiros, de 19 anos, também apadrinhado pelo PTB de Jovair Arantes. A história de Mikael foi revelada pelo GLOBO em 8 de março.

Um segundo companheiro de “pelada”, Lucas da Mota Torres Honorato, permanece no ministério. Marcos Sussumo Andrade, outro indicado político dos Arantes, também segue na pasta. Novas demissões estão previstas para segunda-feira.

O ministro do Trabalho demitiu ainda Tulio Ostilio Pessoa de Oliveira, que era coordenador-geral de Recursos Logísticos, também com salário de R$ 9,9 mil. Tulio chegou ao cargo pelas mãos de Jovair. Ele foi investigado por uma delegacia do consumidor e levado à condição de réu numa ação penal pelo crime de estelionato. Como o caso envolvia uma pequena quantia de dinheiro, Tulio fez um acordo para suspender o processo, com a obrigação de comparecer à Justiça a cada três meses.

As demissões envolvem ainda um assessor da SPPE, um assessor do ex-ministro, uma assistente da Superintendência do Trabalho no Distrito Federal e um subsecretário-adjunto de Orçamento e Administração, vinculado à secretaria-executiva. Ato do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, demitiu o subsecretário de Orçamento e Administração e o diretor do Departamento de Tecnologia da Informação da secretaria-executiva.

Depois do afastamento de Yomura, determinado pelo STF, o PTB decidiu abrir mão do ministério, pelo menos no discurso do presidente do partido. Jefferson e Jovair fatiavam cargos e áreas na pasta. Um terceiro quinhão é do presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP), também investigado na Registro Espúrio.

O ministro que assumiu a pasta fez as demissões e, ao mesmo tempo, nomeações de pessoas de sua confiança. No Diário Oficial da União desta sexta-feira, foram publicadas cinco nomeações.

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