O governo de Jair Bolsonaro já tem instrumentos para tomar decisões de gasto para o combate à crise, disse nesta quarta-feira (1º) o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
“Dizer que não pode tomar decisão hoje é besteira”, disse Maia em teleconferência promovida pelo Bradesco. Foi uma de várias críticas à lentidão executiva do governo, incapaz também de encaminhar propostas legislativas, mas frequentemente pronto a transferir responsabilidades para o Congresso.
“A relação entre o Parlamento e o governo não se encaminhou para um afastamento definitivo por causa da crise [do coronavírus]”, disse ainda Maia. A crise seria um momento para o governo restaurar boas relações, “repactuar relações de respeito”, com os demais Poderes, com outras instituições e “outros setores da sociedade”, vítimas de ataques agressivos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e de seus adeptos nas mídias sociais.
“Tem de melhorar muito a relação para votar a PEC Emergencial”, por exemplo (emenda que prevê cortes imediatos de gastos, como salários de servidores, em caso de superação de certos limites fiscais); “a relação não está azeitada”; uma melhora, com boa vontade, “levaria uns dois meses”.
A emenda constitucional do “Orçamento de guerra” daria essa “previsibilidade” e “tranquilidade” para os servidores, diz Maia. O presidente da Câmara, porém, afirma que o estado de calamidade já permite o descumprimento da meta de contenção de gastos (limite de déficit primário). Se o governo gasta mais do que investe (desobedece à “regra de ouro”), pode também pedir crédito suplementar, que será concedido pelo Congresso, diz Maia.
Maia diz que o Congresso está criando instrumentos e colaborando para que o governo gaste o que for necessário a fim de compensar a renda das famílias e evitar a quebra de empresas, a exemplos de dezenas de países. “Mas tem de agir rápido”.
Folha SP