Na reta final, campanha vai apresentar Bolsonaro como o único anti-PT ‘de raiz’

Na reta final da campanha, Jair Bolsonaro (PSL) vai ser apresentado ao eleitor como “o anti-PT raiz”. A campanha quer atrair a fatia do eleitorado que diz que não vota em Fernando Haddad (PT), mas hoje opta —sem muita convicção— por candidatos como Geraldo Alckmin (PSDB).

Aliados vão adotar um discurso de que, embora o tucano tenha discurso contrário ao PT, ele cometeu os mesmos erros que políticos como o ex-presidente Lula ao se envolver com esquemas de corrupção. 

“Ele [Alckmin] não tem moral para se colocar como anti-PT porque age igual”, afirma o coordenador da campanha em São Paulo, deputado Major Olímpio (PSL), dizendo que Alckmin também é alvo de investigações.

A primeira ofensiva foi feita pelo próprio Bolsonaro na noite de domingo (16), quando ele falou por 20 minutos do leito do hospital Albert Einstein, onde se recupera de uma cirurgia após ter sido esfaqueado. Talita Fernandes – Folha de São Paulo

“O que está em jogo no momento é o futuro de todos vocês. Até o futuro de você que apoia o PT —você é um ser humano também”, afirmou o presidenciável em transmissão ao vivo feita por meio de rede social.

Sem qualquer evidência ou prova, Bolsonaro aproveitou o vídeo para lançar novamente suspeitas contra o sistema eleitoral e sobre a confiabilidade da urna eletrônica. Ele diz que o PT seria o autor de uma trama para fraudar as eleições. 

A campanha do PSL avalia que Haddad é o melhor adversário para ser enfrentado no segundo turno. Além de o capitão reformado já ter um discurso pronto contra ele, o apoio de setores que defendem uma agenda econômica mais liberal fica mais consolidado.

De acordo com pesquisa Datafolha divulgada na última sexta (14), nas simulações de segundo turno, Haddad é o candidato do qual Bolsonaro aparece à frente, embora dentro da margem de erro.  

Se os dois se enfrentarem na segunda etapa da corrida eleitoral, o cenário apurado é de que o candidato do PSL teria 41% e o petista, 40%. Em todos os outros, Bolsonaro está numericamente abaixo de seus adversários —Alckmin, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).

“Se formos para o segundo turno com qualquer um nós vamos ganhar, mas é claro que seria um gostinho especial uma luta final com o PT”, diz Olímpio.

Em paralelo a essa estratégia, o PSL também prepara uma vacina contra ataques da campanha de Alckmin, que tem criticado a inexperiência de Bolsonaro em cargos do Executivo e o fato de ele ter poucos projetos aprovados como deputado federal.

“Se aprovar leis fosse importante, o Brasil seria um paraíso. O que não faltam aqui são leis, muitas delas inúteis. Fazemos nossa parte propondo penas mais duras para estupradores, redução da maioridade penal, etc, mas também impedindo que leis ruins sejam passadas adiante”, publicou Bolsonaro em sua conta do Twitter. 

Seus filhos passaram a replicar um texto que apresenta “os mais de 630 projetos de Bolsonaro”. Como deputado federal, o presidenciável é autor de 642 proposições, das quais, apenas duas foram aprovadas. 

A justificativa dada pelo candidato é de que ele seria alvo de boicote ou de que a Câmara seja composta por uma maioria de ideologia contrária à sua. 

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