Apesar de preocupada com a crise política, presidente do STF disse que instituições estão funcionando
– O país sempre vai sobreviver, porque o país é o povo. E o povo, o ser humano, tem o instinto de vida muito mais forte que o de instinto de morte. As gerações, eu acredito muito que vão vir coisas e pessoas boas, depois que a gente já tiver ido embora, e que vai lembrar isso como uma passagem. O mundo tá preocupante, o mundo inteiro. Momento de grandes transformações, não tem modelo prévio. O mundo tá girando e eu tô igual a roda-viva – disse a ministra a um grupo de jornalistas.
Apontada como uma das possibilidades para suceder Temer em caso de cassação ou de renúncia, a ministra disse que está feliz no Judiciário. As informações são de O Globo.
– Estou no lugar que eu tenho a obrigação constitucional de estar e estarei com muito gosto. Fui muito honrada de ter tido oportunidade de ser juíza, me sinto muito bem na magistratura e, se Deus quiser, até o último dia que eu estiver aqui, que eu tiver saúde, condições de estar aqui, eu vou estar cumprindo a minha função com o mesmo gosto que eu cumpro hoje. Ser juiz não é fácil, não é alegre, mas é a função que a gente exerce – declarou.
À imprensa, a ministra demonstrou estar esperançosa, apesar da crise que tomou conta do país depois de divulgada a delação da JBS.
– Ah, gente, cês devem ter crianças em casa mais nova que as que tenho. Nós não temos escolha. O Brasil está aí pra ser reconstruído a cada minuto, se Deus quiser – afirmou.
Logo no início da conversa, ela virou-se para uma repórter gestante e disse:
– Ó, fala pra ele assim: “nós estamos construindo outro Brasil, não se preocupa com isso não. Na sua hora, nós vamos ter arrumado tudo”.
Questionada sobre se estava preocupada com a crise no país, a ministra disse que está preocupada com o Brasil o tempo todo. Ela chamou a situação de “percalço”.
– Preocupada com o Brasil nós estamos o tempo todo. O papel do Poder Judiciário, no que a democracia ajudar, nós estamos fazendo, temos que continuar, as instituições estão funcionando, o Brasil está dando uma demonstração acho que de maturidade democrática. Os percalços fazem parte das intempéries – disse.
Segundo Cármen Lúcia, o STF está cumprindo seu papel diariamente independentemente do momento político.
– Estamos julgando normalmente. Não tem pauta? Aliás num dia como hoje, de índios até questões processuais e tudo, tá tudo andando, porque tem que andar mesmo – ponderou.
Perguntada sobre o excesso de trabalho que o STF tem com a Lava-Jato, que hoje reúne mais de cem processos, a ministra garantiu que há estrutura suficiente para lidar com a demanda. E, se o relator, ministro Edson Fachin, informar a presidência do tribunal de que precisa de mais estrutura, ela estará pronta para atender.
– Na medida da demanda dele, a administração atende. Eu sempre fico no aguardo do relator, deste e de qualquer processo. Nós não temos os dados, que só o relator tem – disse.