Odebrecht usou ‘caixa três’ para financiar campanhas eleitorais

Odebrecht usou 'caixa três' parafinanciar campanhas eleitorais: Políticos beneficiados pela prática confirmam que receberam dinheiro de duas empresas laranjas, utilizadas pela empreiteira para fazer os repasses aos candidatos

A Odebrecht usou empresas laranjas para fazer doações a políticos, durante as campanhas eleitorais de 2010 e 2014. Segundo os próprios executivos da empresa, em depoimentos ao Ministério Público Federal (MPF), durante as investigações da operação Lava Jato, a prática foi utilizada para não estourar o teto estabelecido por lei para doações e ainda para evitar cobranças de políticos preteridos.

No chamado caixa três, a Odebrecht usou duas empresas, a Praiamar e a Leyroz, ambas distribuidoras do grupo Petrópolis, fabricante da cerveja Itaipava, para direcionar R$ 5,5 milhões a 28 candidatos.

Um deles, o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), admitiu ser um dos beneficiados com o caixa três. “Eu declarei, foi tudo por dentro. Não sei por qual motivo a Odebrecht não quis dar o dinheiro e passou para outras duas empresas. Acho que havia muita pressão na época e ela não queria aparecer muito”, diz Heráclito.

“Na verdade a empresa [Odebrecht] me fez uma doação e apareceu por meio dessas duas empresas”, disse o deputado Paulo Teixeira (PT-SP), que nega conhecer a Praiamar e a Leyroz, segundo informações da Folha de S. Paulo.

Já o líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), diz que recebeu das duas empresas, mas afirma não se lembrar das circunstâncias nem conhecer a relação delas com a Odebrecht.

Assim como o caixa dois – dinheiro recebido para financiamentos de campanhas eleitorais que não é declarado -, o caixa três também é ilegal. “Só existe um modo de financiamento legal, que é o caixa um puro. O resto está no campo das ilegalidades”, diz o ministro Herman Benjamin, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A Odebrecht se pronunciou sobre o assunto e disse que a empresa está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. “Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas”.

Já a assessoria da Petropólis afirmou que a Leyroz e a Praiamar eram distribuidoras terceirizadas de produtos do Grupo Petrópolis. “Todas as doações feitas pelo Grupo Petrópolis seguiram estritamente a legislação eleitoral.”

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