OIT prevê que emprego precário atingirá 1,426 bilhão de trabalhadores em 2019


Fila de candidatos a vaga de emprego temporário no Centro do Rio de Janeiro
Foto: Guito Moreto/20-10-2017

O mercado de trabalho no mundo terá menos desempregados, mas a ocupação vulnerável, sem proteção social, vai ganhar força nos próximos dois anos, segundo o relatório “Perspectivas sociais e de emprego no mundo: tendências 2018″, divulgado nesta segunda-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A taxa de desemprego no mundo ficará em 5,5% este ano, praticamente a mesma taxa de 2017, após três anos de alta, mas o número dos empregados em situação precária somará 1,426 bilhão em 2019, 35 milhões a mais que no ano passado. No Brasil, o processo é ainda mais intenso. A taxa de desemprego, pelas projeções do organismo, cairá para 11,9% este ano e para 11,2% em 2019. Porém o número de ocupados em empregos precários subirá de 25,3 milhões em 2017 para 26,8 milhões em 2019, 1,5 milhão a mais de trabalhadores nessa situação.

“Embora o desemprego global tenha se estabilizado, os déficits de trabalho decente continuam generalizados, e a economia global ainda não está criando empregos suficientes. Esforços adicionais devem ser implementados para melhorar a qualidade dos empregos para os trabalhadores e assegurar que os ganhos de crescimento sejam compartilhados de forma equitativa”, afirmou o Diretor-Geral da OIT, Guy Ryder. As informações são de O Globo.

A OIT prevê que o mundo terá 192 milhões de desempregados este ano, o mesmo do ano passado.

Segundo Veronica Escudero, economista Sênior do Departamento de Pesquisa da OIT, no Brasil, 25% dos dois milhões ocupações que serão criadas este ano no Brasil serão precárias:

— O número de pessoas empregadas em todo o mundo aumentará em 34 milhões em 2018 e cerca de metade deles terá um emprego considerado vulnerável, isto é, serão trabalhadores por conta própria e trabalhadores familiares auxiliares. No Brasil, espera-se que a situação esteja em linha com o cenário global. Em 2018, cerca de 25% dos 2 milhões de pessoas que encontrarão emprego, estarão em ocupações vulneráveis. Deve notar-se que a proporção de trabalho por conta própria, que muitas vezes trabalha em empregos informais, aumentou lentamente desde 2011, atingindo no ano passado 25,4% da população ocupada.

A situação da informalidade é uma das diferenças entre o Brasil e o resto do mundo, segundo Veronica. Embora a taxa de informalidade no Brasil seja alta (46%), essa taxa é relativamente baixa em comparação com outros países da América Latina, mas ainda está em níveis mais altos que os países de maior renda da região.

— Embora a maioria do emprego informal seja no setor informal, uma proporção relativamente grande (12%) de trabalhadores informais no Brasil está empregada no setor formal. Isso significa que o Brasil precisa diferenciar ações políticas para promover a formalização de trabalhadores informais em empresas formais. Algumas ideias a este respeito incluem o fortalecimento das normas trabalhistas e a provisão de incentivos financeiros à formalização.

Para Santo Milasi, economista da OIT, é importante reconhecer a urgência de se combater a deterioração das condições do mercado de trabalho:

— É essencial tomar medidas que estão diretamente relacionadas a esses problemas do mercado de trabalho.Muitas vezes pensamos que o crescimento econômico sozinho é a solução, quando na realidade não é tanto a taxa de crescimento da economia que pode gerar melhorias no emprego, mas a relação que existe entre essa taxa de crescimento e a expansão do emprego decente e produtivo.

O relatório afirma que o progresso significativo alcançado no passado na redução do emprego vulnerável está paralisado desde 2012. Nos países em desenvolvimento, o emprego vulnerável afeta três em cada quatro trabalhadores. O relatório estima que 42,7% da mão de obra empregadas esteja em ocupações precárias em 2019. A taxa foi de 42,5% no ano passado. Na América Latina

Na América Latina e Caribe, a previsão é de que a taxa de desemprego diminua apenas marginalmente, passando de 8,2% em 2017 para 7,7% até 2019. Considerando que a taxa de desemprego regional chegou a 6,1% em 2014, a região ainda está longe de se recuperar completamente das perdas de emprego dos últimos anos.

Envelhecimento e produtividade

Segundo o relatório, o envelhecimento da população e especificamente da mão de obra fará a produtividade cair no mundo. “Além do desafio que um número crescente de aposentados cria para os sistemas de pensão, uma força de trabalho cada vez mais velha também deve ter um impacto direto nos mercados de trabalho. O envelhecimento pode reduzir a produtividade e diminuir os ajustes do mercado de trabalho após choques econômicos”, avisa o Diretor Interino do Departamento de Pesquisa da OIT, Sangheon Lee.

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