A partir de agosto os pacientes de Natal acometidos por diabetes mellitus tipo 2 ficarão sem acesso às chamadas insulinas análogas na rede pública de saúde. Em razão disso, o tratamento da doença passará a ser feito com medicamentos como metformina, glimbenclamida, gliclazida e dapagliflozina, além de insulina NPH ou insulina regular. A mudança preocupa o presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologista (SBEM/RN), Pedro Henrique Dantas, porque as insulinas análogas, segundo ele, garantem melhor controle do diabetes tipo 2. Além disso, ele alerta que os medicamentos gliclazida e dapagliflozina estão em falta na rede pública.
A mudança na oferta de medicação irá ocorrer porque a Secretaria Municipal de Saúde (SMS/Natal) seguirá os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde (MS), que deixam de fora o uso das insulinas análogas para o controle do diabetes tipo 2. Deste modo, a pasta continuará com a distribuição da insulina Regular e insulina NPH nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), para as duas tipologias da doença. Pedro Henrique Dantas, da SBEM/RN, diz que o cenário é preocupante porque a eficácia das insulinas regulares não é a mesma das análogas.
“As insulinas análogas são as de melhor qualidade, desenvolvidas nos últimos 20 ou 25 anos. Elas trazem uma segurança melhor na eficácia do tratamento dos pacientes, além de reduzir os riscos de hipoglicemia (glicose muito baixa), melhorar o controle para diminuir os riscos de complicações como infarto, AVC, trombose, perda da função dos rins, cegueira, amputações e outras. A partir de agora, teremos no SUS os pacientes retornando ao uso das insulinas NPH e regulares, que possuem tecnologia de cerca de 40 anos atrás para poder ter um controle razoável da patologia”, explica.
Ele aponta os prováveis efeitos em função das mudanças. “No curto prazo, isso vai piorar os níveis de glicose. No médio e longo prazos, haverá aumento do risco de complicações e os gastos com internações no futuro serão ainda maiores do que seriam agora, com a compra dessas insulinas”, comenta o médico. No que se refere à aquisição e distribuição das insulinas análogas (de ação prolongada e de ação rápida), caberá ao Estado, através da Unicat, executar essas ações. Até este mês, os dois tipos de insulina serão entregues pelo Prosus, na clínica Doutor Carlos Passos, na Ribeira.
Em agosto, a Unicat irá distribuir as insulinas análogas apenas para pacientes com diabtes tipo 1 e, ainda assim, há mais uma preocupação. É que não há prazos para que a insulina de ação prolongada seja disponibilizada. De acordo com a Sesap, a aquisição “não foi ainda finalizada pelo Ministério da Saúde”. A Secretaria não respondeu como ficará a situação dos pacientes caso a medicação não seja adquirida em tempo hábil pelo MS para atender aos pacientes que necessitam do tratamento.
O Ministério da Saúde também foi procurado, mas não comentou sobre os prazos para aquisição da insulina análoga de ação prolongada. A orientação da SMS é de que os pacientes com diabetes tipo 1 procurem a Unicat para fazer o cadastro a fim de receber a medicação, mas, de acordo com a própria unidade, esse cadastro só será feito mediante a aquisição do insumo pelo MS. Um comunicado na unidade, no entanto, diz que apenas “a insulina análoga de ação rápida segue disponível aos pacientes já cadastrados”. A SMS informou que a gliclazida e dapagliflozina, em falta nas unidades básicas de saúde, são fornecidas pelo Ministério da Saúde e que aguarda o órgão para fazer a distribuição.