Partidos correm para tentar acordo até esta quarta para votar reforma política

Pressionados pelo tempo, os deputados debatem nesta terça-feira sobre a necessidade de fechar urgentemente um acordo para aprovar uma reforma política que valha já para as eleições do ano que vem. A dificuldade de apoiar a criação de um fundo público para financiar as eleições e o chamado distritão (que elege deputados e vereadores que têm mais votos, como numa eleição majoritária) vem emperrando qualquer chance de negociação entre os diferentes partidos.

Esta é uma de duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC) que tratam da reforma e é relatada pelo deputado Vicente Cândido (PT-SP). A outra, relatada pela deputada Shéridan (PSDB-RR), prevê o fim das coligações nas eleições de deputados e a cláusula de barreira. Nos dois casos são necessários 308 votos na Câmara em duas votações e 49 no Senado, também em dois turnos.

O presidente da comissão especial da reforma política, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), diz que hoje é o dia D, se não conseguirem votar a matéria, dificilmente haverá tempo hábil de mudarem as regras eleitorais para 2018. Nesta terça, quando estava prevista inicialmente uma sessão para votar a reforma política, o Congresso passou o dia inteiro analisando vetos presidenciais. As informações são de CATARINA ALENCASTRO E CRISTIANE JUNGBLUT, O Globo.

— Minha esperança é que todos caiam na real, porque se a gente não fizer essa reforma, os tribunais o farão. Se a gente não conseguir votar amanhã, já era. Na semana que vem tem feriado e aí acaba o prazo — diz Lúcio Vieira Lima.

Durante todo o dia, líderes de todos os partidos se reuniram e conversaram para tentar salvar a reforma e aprová-la amanhã. Nos bastidores, há um movimento para resgatar a proposta do semidistritão, que é o distritão com a possibilidade do voto em legenda, ou seja: o eleitor tem a opção de votar no candidato ou no partido. Defensores do distritão e da criação do fundo partidário dizem que, se cada um não ceder um pouco, não haverá reforma nenhuma.

O primeiro acordo é para dar prioridade à proposta relatada pela deputada Shéridan. O presidente interino da Câmara, deputado André Fufuca, disse aos líderes que vai pautar a proposta nesta quarta-feira. Apenas o PP estaria contra. De outra parte, os grandes partidos tentam convencer o PT e o PR a mudar de opinião e apoiar o semidistritão. Para isso, nas conversas dentro do plenário, pedem que o PDT e o PCdoB ajudem no convencimento.

— A maioria das bancadas aprovação da PEC 282, da deputada Shéridan — disse o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), que negocia pelo partido.

O PCdoB desde a semana passada vinha negociando com os partidos a aceitação do semidistritão. Na verdade, a proposta foi criada justamente para atrair os partidos de esquerda. O líder do PMDB na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), disse que cresce o movimento em torno do semidistritão. Seu partido apoia essa ideia.

— Não vejo problema em votar a proposta relatada pela deputada Shéridan, mas acho importante se avançar no sistema eleitoral — disse Baleia ao GLOBO.

Na verdade, os deputados sabem que sem mudar o sistema eleitoral não há como criar o fundo eleitoral, que é o que mais preocupa os políticos. O líder do PP na Câmara, deputado Arthur Lira (AL), disse que é preciso que cada lado ceda um pouco.

— Cabe a cada um abrir mão de uma parte. E o distritão com legenda está crescendo — disse o líder do PP.

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