Patrimônio de irmã de Romário cresceu 1.800% em dois anos

O patrimônio da vendedora Zoraidi de Souza Faria, irmã do senador Romário (Podemos-RJ), cresceu 1.800% em um intervalo de dois anos. Documentos oficiais revelam que, em 2014, ela tinha R$ 649 mil em bens, valor que saltou para R$ 12,4 milhões em 2016 — o acréscimo significa que Zoraidi multiplicou por 19 suas posses. No mesmo período, a irmã de Romário, pré-candidato ao governo do Rio, conseguiu uma renda mensal de cerca de R$ 4 mil, em média, somados salário, lucro com aplicações financeiras e uma indenização trabalhista.

Na quinta-feira, O GLOBO mostrou que um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) encontrou indícios de lavagem de dinheiro em transações bancárias de Romário. O senador usa, por meio de uma procuração, uma conta aberta em nome de Zoraidi em uma agência do Banco do Brasil no Congresso Nacional.

Segundo o Coaf, a conta recebeu R$ 8 milhões entre agosto de 2016 e abril de 2017. Já as saídas da mesma totalizaram R$ 7,5 milhões no mesmo período. O banco também foi usado para pagar despesas do pré-candidato com advogados e com a compra de uma casa em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

O imóvel, que custou R$ 6,4 milhões, aparece formalmente entre os bens de Zoraidi e é um dos responsáveis pelo salto patrimonial verificado em 2016. MARCO GRILLO E THIAGO PRADO – O Globo

No mesmo ano em que desembolsou a maior parcela da compra da casa — uma parte já havia sido paga em 2015— , a irmã do senador ganhou apenas R$ 8 mil em salários de uma organização social que teve contrato com a prefeitura do Rio. Zoraidi ainda guarda R$ 600 mil em espécie, R$ 4,8 milhões em uma previdência privada e tem dois carros de luxo registrados em seu nome. Os veículos foram penhorados pela Justiça, que entendeu que o mecanismo foi uma forma de Romário ocultar o patrimônio para evitar o pagamento de dívidas.

Ao mesmo tempo em que mantém bens do senador em seu nome, Zoraidi assinou, entre 2015 e 2016, dois contratos de empréstimos que somaram R$ 10 milhões, em uma possível tentativa de justificar o lastro financeiro para o tamanho do patrimônio. Deste valor, R$ 4 milhões foram emprestados por Romário, e R$ 6 milhões pela RSF, empresas cujos donos no papel são a mãe e o pai do senador.

Ambos os acordos preveem que Zoraidi pague os valores devidos em 60 vezes. Sem levar em conta os juros previstos de 6% ao ano, a irmã do senador precisaria arcar com parcelas de R$ 166 mil para zerar o débito. Caso decidisse quitar o pagamento mensalmente, Zoraidi teria que multiplicar vinte e uma vezes sua renda mensal de cerca de R$ 4 mil apenas para honrar as parcelas da dívida contraída junto ao irmão e à empresa registrada em nome de seus pais.

Zoraidi e Romário foram procurados ontem para comentar a evolução patrimonial, mas não responderam.

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