No pedido de bloqueio de bens, a AGU solicita sanção aos “responsáveis identificados nesse procedimento de apuração”, referindo-se a um acórdão do TCU de 2015
Por Mariana Carneiro – Folha de São Paulo
O alvo é a JBS, mas o pedido de bloqueio de bens da JBS feito pela AGU (Advocacia-Geral da União) pôs em alerta os funcionários do BNDES.
Trinta e nove servidores são investigados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) por participar das operações de investimento do banco na empresa.
Eles poderiam ter seus bens também bloqueados, a reboque de uma eventual decisão do TCU contrária à JBS.
Segundo fonte próxima aos funcionários, em contato informal, a AGU indicou que o alvo da ação não são os servidores. Mas preocupou o tom do pedido entregue nesta quarta-feira (21) ao TCU.
No pedido de bloqueio de bens, a AGU solicita sanção aos “responsáveis identificados nesse procedimento de apuração”, referindo-se a um acórdão do TCU de 2015. O documento lista todas as operações entre o BNDESPar e a JBS de 2007 a 2011 e investiga o suposto envolvimento de funcionários do banco.
Esse acórdão fundamentou as investigações da Polícia Federal que desaguou na Operação Bullish, deflagrada em maio e que levou mais de 30 servidores do banco a depor em condução coercitiva.
A operação foi o estopim para um movimento de insatisfação interna que paralisou as atividades do BNDES e foi um dos motivos para a saída da ex-presidente Maria Silvia Bastos Marques.
Em nota divulgada nesta quarta, a associação de funcionários do banco critica o pedido da AGU e afirma que tanto o BNDES quanto os funcionários “já comprovaram tecnicamente que não houve dano ao erário, irregularidade ou favorecimento”.
“Deve ficar claro que qualquer suspeição levantada até o momento decorre de iniciativas praticadas por empresários e agentes públicos que não integram o BNDES.”