Pesquisadores da UFRN encontram óleo a 3 metros de profundidade nos Parrachos de Pirangi

Resultado de imagem para praia de pirangi natal

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) encontraram manchas de óleo em sedimentos marinhos e corais a até 3 metros de profundidade nos Parrachos de Pirangi, no litoral Sul potiguar. O material foi recolhido na quarta-feira passada (16), durante um trabalho de campo realizado pelo grupo do Laboratório de Geologia e Geofísica Marítima e Monitoramento Ambiental da UFRN.

Ao todo, 30 amostras de sedimentos do fundo do mar foram coletadas. Elas vão ser analisadas e servirão para diagnosticar os impactos causados nas condições ambientais que suportam a vida marinha. A pesquisa foi no ambiente recifal e adjacências, se estendendo 5 quilômetros costa afora entre o estuário do Rio Pium e o mar.

A profundidade na qual foi encontrada o óleo preocupa os pesquisadores. “Esse é um alerta importante, pois aparentemente o óleo não está mais apenas na superfície. É necessário um estudo mais detalhado para verificar se o produto está em profundidades e dimensões maiores”, disse a coordenadora do laboratório, Helenice Vital. Ela reforça ainda que os órgãos ambientais devem se preocupar também com a região marinha e não apenas com a costa do Nordeste.

As amostras apontaram manchas de óleo na areia, na lama e em fragmentos de organismos vivos da superfície do fundo do mar. O óleo foi encontrado na camada superficial e também interna, o que pode impedir trocas gasosas e provocar alterações no pH essencial para a vida dos habitantes da superfície (chamada de epifauna) e do interior do sedimento (infauna).

Entre os habitantes estão os foraminíferos, microrganismos que são usados para prospecção de petróleo e como parâmetro de avaliação dos impactos ambientais. A mortalidade desses microrganismos provoca um desequilíbrio geral na vida marinha, segundo a professora Patrícia Eichler, pesquisadora visitante do Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG/UFRN), que faz parte do Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul). Ela participou in loco da coleta das amostras nos Parrachos.

“O fim da infauna acarreta a perda completa daquele ecossistema como um todo. Lá estão os consumidores primários da cadeia alimentar e sem eles não temos os consumidores secundários, e por aí vai. Quando há um problema na base, teremos em toda a cadeia ecológica, que vai chegar ao homem”, disse Eichler.

Os foraminíferos estão presentes nos corais, onde o óleo absorvido compromete as trocas gasosas, a alimentação e, consequentemente, provoca a morte desse organismo, que abriga uma diversidade de espécies marinhas.

Os pesquisadores dizem que ainda não é possível afirmar se o óleo encontrado nos corais é o mesmo que tem sido encontrado na costa do Nordeste desde o fim de agosto. A procedência do material ainda deve ser verificada por análises químicas. Segundo eles, no entanto, é possível garantir que a presença do material é recente, já que não havia sido encontrado em amostras coletadas há menos de um ano no local.

Segundo o coordenador do projeto Ciências do Mar II, professor Moab Praxedes, responsável pelo trabalho de campo, com a análise dessas coletas será possível saber o impacto do óleo no local. “Há urgência para identificar a magnitude do impacto e, dessa forma, ser elaborado um planejamento de medidas mitigadoras tanto para remoção quanto para o monitoramento e recuperação do ambiente”, disse.

Manchas

As manchas de petróleo em praias do Nordeste já atingiram 178 localidades em 71 municípios de 9 estados desde o final de agosto. Os estados em que elas apareceram são Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.

A substância é a mesma em todos os locais: petróleo cru. O fenômeno tem afetado a vida de animais marinhos e causado impactos nas cidades litorâneas. A origem da substância poluente está sob investigação.

Inicialmente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) divulgou que as primeiras manchas apareceram em 2 de setembro nas cidades de Ipojuca e Olinda, em Pernambuco. No entanto, em atualizações mais recentes, o instituto concluiu que as os primeiros registros surgiram ainda em 30 de agosto na Paraíba, nas praias de Tambaba e Gramame, no município de Conde, e na Praia Bela, em Pitimbu.

As investigações sobre a origem do material são conduzidas pela Marinha em coordenação com o Ibama, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a Polícia Federal, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Força Aérea Brasileira. Participam ainda os governos de alguns estados e municípios afetados.

Na quarta-feira (16), um navio da Marinha do Brasil encontrou um tambor de óleo fechado na costa potiguar. O material foi levado para análise laboratorial e, segundo a Marinha, não há ainda como precisar se o que tem dentro do barril é a mesma substância que está aparecendo nas praias.

*com informações do G1

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.