A demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras (PETR3;PETR4) foi a principal notícia monitorada pelo mercado nesta quarta-feira (15). Apesar da possibilidade de uma troca de comando na estatal já ser esperada, a decisão penalizou fortemente as ações da petroleira no pregão desta quarta. Enquanto os papéis preferenciais (PETR4) terminaram a sessão em baixa de 6,04% a R$ 38,40, os ordinários (PETR3) fecharam em queda de 6,78% a R$ 40,01. Com isso, a estatal perdeu, num só dia, uma cifra robusta em valor de mercado: R$ 34,7 bilhões, fechando o dia a R$ 512,96 bilhões.
De acordo com Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria, o montante que a empresa perdeu no pregão desta quarta-feira equivale ao valor de mercado da Hapvida.
O tombo nas ações da petroleira puxou para baixo a Bolsa brasileira. O Ibovespa fechou a quarta-feira (15) em baixa de 0,38%, a 128.027 pontos. Já o dólar, em sessão volátil, fechou com leve alta de 0,09% e ficou cotado a R$ 5,125 na venda.
Na manhã desta quarta-feira, as ações da Petrobras chegaram a ter as negociações interrompidas na B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), por cerca de 20 minutos. Às 12h30, as ordinárias recuavam 6,73% aos R$ 40,04, enquanto as preferenciais caíam 5,75%, a R$ 38,52. Em alguns momentos do dia, as ações ordinárias chegaram a recuar 9,55% na mínima, e as preferenciais, até 8,20%.
Na terça-feira (14), as ações preferenciais da empresa haviam registrado o maior volume de estoque de aluguel em 12 meses, segundo dados de Einar Rivero, sócio-fundador da Elos Ayta Consultoria. Na data, os papéis encerraram o pregão com R$ 13,3 bilhões na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC), o que representa uma taxa de aluguel de 0,61% – o maior nível desde novembro de 2023. Para efeitos de comparação, no dia anterior, essa taxa estava em apenas 0,04%.
De acordo com Rivero, muitos investidores que operaram os contratos de aluguel na terça-feira registraram ganhos significativos com a queda das ações. “A demissão de Prates influenciou fortemente o mercado, resultando em oportunidades lucrativas para aqueles que estavam envolvidos em operações de aluguel de ações da Petrobras”, ressalta o especialista.
À frente da estatal desde janeiro de 2023, a saída do executivo já havia sendo especulada por investidores, em meio a um processo de “fritura” do CEO, que nos bastidores teria um embate com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Lula quer que Magda seja a ‘Graça Foster dele’ para ter o ‘controle’ da Petrobras
A escolha de Magda Chambriard, 66 anos, dará ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o que ele vem demandando da Petrobras: “comando e controle” sobre os rumos da maior empresa do País, afirmam auxiliares do presidente.
Tratada como “petista histórica” nas fileiras do partido e no Palácio do Planalto, Magda defendeu bandeiras que provocaram controvérsia no passado, como a exigência de conteúdo local na indústria do petróleo, quando chefiou a ANP (Agência Nacional do Petróleo) no governo Dilma Rousseff.
Segundo três pessoas a par das discussões, a indicação dela foi defendida pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa, por José Sergio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, e pelo líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA). Outro que atuou em defesa de seu nome foi o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, a quem Lula respeita e confia e que segue tendo voz no atual governo nos bastidores.
Entretanto, ainda que ela tenha recebido o respaldo de ministros e do próprio PT, a expectativa é que Magda estabeleça uma linha direta com Lula, num paralelo da relação de confiança que Dilma manteve com a então presidente da Petrobras Maria das Graças Foster.
Chambriard é engenheira, especializada em Exploração e Produção de petróleo, com carreira na Petrobras, onde ingressou em 1980, como estagiária, e ficou até 2001. Já em 2002 entrou na ANP, como assessora da diretoria — antes de se tornar diretora geral. Em 2016, saiu da agência. Caso seja aprovada pelo Conselho de Administração como presidente da Petrobras, ela será a 7ª pessoa a assumir o cargo mais alto da estatal nos últimos 5 anos.
Margem Equatorial
Magda já afirmou que para o país manter o atual nível de produção e autossuficiência, precisaria avançar sobre a Margem Equatorial, sobretudo na exploração da bacia Foz do Amazonas, fronteiriça às grandes descobertas na região. Ela já afirmou ser favorável à exploração na região. Um dos seus argumentos é o de que a região das bacias de Campos e Santos, que respondem juntas por 76% da produção diária de óleo e gás, está caminhando para o esgotamento.
Pré-Sal
Magda também já defendeu os investimentos feitos pela Petrobras no pré-sal. “Empresas privadas migram de mercado quando encontram dificuldades, o que é normal. Só uma estatal é capaz de tomar determinados riscos e insistir no País de origem, como está acontecendo no caso da margem”, disse.
Gás natural
Em um de seus artigos no Brasil Energia, Chambriard questiona o preço do gás brasileiro para o consumidor final, embora produza gás suficiente para todo o consumo nacional desde 2015.