PF indicia filhos e ex-enteados de Romero Jucá por organização criminosa

A Polícia Federal indiciou dois filhos e dois ex-enteados do senador Romero Jucá (PMDB-RR) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os dois filhos, Rodrigo e Marina Jucá, e as duas ex-enteadas, Luciana e Ana Paula Surita são acusados de envolvimento num desvio de R$ 32 milhões de recursos da Caixa Econômica Federal liberados para o Residencial Vila Jardim, um projeto do Minha Casa Minha vida destinado à população de baixa renda de Boa Vista, em Roraima. Os valores desviados seriam suficientes para a construção de mais de 500 apartamentos iguais aos demais do projeto.

A polícia também prendeu, na mesma ação, Frederico Macedo, marido de Luciana Surita, por posse ilegal de um fuzil de caça e uma pistola 765. As armas estavam na casa do casal, em Boa Vista. Pelas informações da polícia, Marina, Luciana e Ana Paula foram levados coercitivamente para prestar depoimento sobre as acusações que pesam contra eles.

Rodrigo Jucá não foi localizado no início da operação. Mas, ainda nesta quinta-feira compareceu para depor na Superintendência da PF em São Paulo. O depoimento está em curso neste momento. Ao todo, a Justiça Federal de Roraima expediu nove mandatos de busca e oito de condução coercitiva contra os quatro familiares do senador e outros investigados na chamada Operação Giges em Boa Vista, Brasília e Belo Horizonte. As informações são de JAILTON DE CARVALHO, O Globo.

Entre os investigados estão também o empresário Elmo Teodoro Ribeiro, dono da CTM Engenharia, empresa encarrega da execução das obras do Residencial Vila Jardim e funcionários da Caixa suspeitos de fazerem vistas na fiscalização. Pelas investigações da polícia, Rodrigo, Marina, Luciana e Ana Paula , entre outros investigados, teriam se apropriado de R$ 32 milhões dos R$ 185 milhões reservados ao projeto de construção de casas populares.

Os desvios teriam começado na venda de uma gleba da fazenda Recreio, que está em nome dos filhos e ex-enteados de Jucá. O terreno, avaliado em R$ 3,5 milhões, teria sido vendido por até R$ 7 milhões. Os valores ainda estão sendo apurados. No momento seguinte, a suposta organização criminosa teria superfaturado o projeto para obter um financiamento bem superior aos valores que, de fato, seriam gastos nas obras. Ao todo, os desvios seriam da ordem de R$ 32 milhões.

Parte dos recursos desviados teria chegado a contas dos investigados em transações sem vínculos diretos com o negócio. A prática seria uma tentativa de esconder a movimentação financeira e, com isso, legalizar recursos de origem pública.

Em Brasília, Jucá disse que os filhos nada fizeram de errado. Tudo não passaria de uma vingança de uma juíza contra a família dele. ” Não tememos investigação. Nem eu nem qualquer pessoa da minha família. Investigações contra mim já duram mais de 14 anos e não exibiram sequer uma franja de prova. Todos os meus sigilos, bancário, fiscal e contábil já foram quebrados e nenhuma prova. Só conjecturas “, disse o senador em nota.

Jucá disse ainda repudiar “mais um espalhafatoso capítulo de um desmando que se desenrola nos últimos anos, desta vez contra minha família. Como pai de família carrego uma justa indignação com os métodos e a falta de razoabilidade. Como senador da República, que respeita o equilíbrio entre os poderes e o sagrado direito de defesa, me obrigo a, novamente, alertar sobre os excessos e midiatização”.

O nome da operação é uma referência a Giges, um personagens da República, de Platão. Humilde pastor, Giges passa a cometer terríveis crimes depois de descobrir que o uso de um anel, tirado de um cadáver, o torna invisível aos olhos humanos. No texto, Platão discute se os homens poderiam resistiriam à tentação do mal se soubessem que jamais seriam punidos pelos crimes cometidos.

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